O presidente da Cooperativa de Pinhel defendeu, na sexta-feira, que as adegas deviam ser isentadas «por algum tempo» do pagamento da taxa ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), cerca de 35 mil euros. «É muito dinheiro para nós, além de que só serve para promover os DOC (Denominação de Origem Controlada) – os vinhos dos ricos – e não os de mesa», criticou Agostinho Monteiro.
Este foi um dos vários pedidos que o ministro da Agricultura levou para Lisboa, após inaugurar a nova bateria de fermentação controlada da adega. Trata-se de um dos equipamentos nucleares do projecto de modernização e alteração do perfil produtivo da cooperativa, orçado em mais de 2,3 milhões de euros. «Permite-nos uma capacidade de fermentação da ordem dos 80 por cento da colheita. Isto é, cerca de 10 milhões dos 18 milhões de litros produzidos numa época normal, o que se traduz numa melhoria substancial dos níveis de qualidade dos nossos vinhos», sublinhou o dirigente, antes de pedir mais apoios, como uma nova linha de crédito bonificado e o aumento das comparticipações do ministério. «A ajuda de 50 por cento, a fundo perdido, é pouco, porque qualquer equipamento de enologia é muito caro», justificou.
Agostinho Monteiro alertou ainda Jaime Silva para o eventual aumento dos seguros de colheitas, insistindo na sua importância para este sector e numa zona como Pinhel: «Não podem custar mais um cêntimo do que custam hoje», reclamou. Mas nem só de queixas ou pedidos se falou. O presidente da Adega também concordou com a necessidade das cooperativas serem geridas como empresas. No entanto, constatou que «os bancos têm os melhores gestores do país e também estão em dificuldades», pedindo ao ministro que se faça um «Livro Branco das Cooperativas, com o levantamento da sua importância histórica na agricultura do país e que deixe bem claro a diferenciação relativamente a outras empresas». É que, na sua opinião, actualmente, as cooperativas são empresas, mas «diferentes, porque compram quando não precisam e são obrigadas a vender quando não querem».
Por sua vez, Jaime Silva desafiou os produtores de Pinhel a produzirem «mais DOC e menos vinhos de mesa», pois «só assim se consegue vendê-lo a bom preço e ter receitas para pagar melhor aos associados». Caso contrário, avisou que «o caminho é a falência» para quem não se modernizar. O ministro aproveitou a sua passagem pela “cidade-falcão” para anunciar que o Grupo de Acção Local (GAL) Castelos do Côa – que abrange os municípios de Almeida, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Trancoso – vai receber 7,5 milhões de euros no âmbito do PRODER – Programa de Desenvolvimento Regional. «É dinheiro que se destina a criar emprego e microempresas que valorizem os produtos tradicionais», esclareceu. Quanto aos seguros de colheitas, tranquilizou os presentes dizendo que «a mudança é para serem mais elevados e melhores».
E acrescentou que o Governo está a negociar com Bruxelas para que seja possível ajudar mais os agricultores «para lá do seguro, quando as quebras são totais ou superiores a 50 por cento». Trata-se de acudir «a casos excepcionais», sustentou, revelando ainda que o seu ministério está disponível para reanalisar os pedidos de ajuda originados pela trovoada de granizo de Setembro passado. O governante revelou ainda que o armazém do IVV actualmente usado pela cooperativa para armazenamento de engarrafados – mais de dois milhões de litros actualmente – deverá ser cedido, brevemente, à instituição pinhelense mediante o pagamento de «um preço simbólico».
Luis Martins