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Construtora de prédio que caiu rejeita responsabilidades

Desabamento de edifício em construção em Seia não fez vítimas

A empresa responsável pela construção do prédio que desabou na véspera de Natal em Seia descartou no final da semana passada qualquer responsabilidade no acidente, alegando que a causa do desmoronamento estará na construção de um muro nos terrenos da escola secundária da cidade. Uma versão já contrariada pela direcção daquele estabelecimento de ensino, que recordou que as fundações do muro em causa existem há «muitos anos».

Citado pelo jornal “Porta da Estrela”, António Nunes, responsável pela construção do edifício, considera que o desabamento terá ficado a dever-se ao «levantamento do nível do lençol freático, por causa da construção de um muro nos terrenos da secundária, do outro lado da estrada». Uma intervenção que, segundo o engenheiro, «tapou o natural escoamento das águas subterrâneas, que por esse motivo se acumularam a montante [junto às fundações do edifício que desabou], provocando correntes não identificadas que determinaram o abatimento dos pilares centrais e o imediato arrastamento da estrutura», referiu, acrescentando ainda que a empresa que dirige é responsável pela construção «de mais de 50 por cento» dos edifícios em Seia e que, por isso, os seus responsáveis não são «nenhuns principiantes». No entanto, um elemento do Conselho Executivo da Secundária de Seia disse ao mesmo jornal que as fundações do muro «já existem há muitos anos e, recentemente, só foi aumentado em 30 ou 40 centímetros, por isso, penso que não será a causa desta situação». O acidente ocorreu na manhã da véspera de Natal, gerando um estrondo impressionante que alarmou a cidade. O prédio de três pisos, ainda em construção, desabou sem causar vítimas, apesar de quatro funcionários da empresa construtora estarem a trabalhar num edifício contíguo.

Na altura, uma equipa da GNR – com cães treinados para busca de desaparecidos – foi chamada ao local e efectuou diversas operações ao longo do dia, mas não encontrou qualquer vítima entre os escombros. Buscas que, segundo Rui Martins, responsável da Protecção Civil em Seia, aconteceram porque se temia que «existisse algum sem-abrigo, ou outra pessoa, que eventualmente estivesse dentro do prédio». Fernando Nunes, da empresa construtora, disse aos jornalistas ser «a primeira vez» que aconteceu uma situação destas e que «não era previsível que sucedesse um problema destes aqui». O Ministério Público deverá agora apurar as causas do acidente e eventuais responsabilidades, uma tarefa que a autarquia e a construtora já encetaram entretanto. No entanto, Rui Martins aventa a hipótese do desmoronamento poder estar relacionado com o facto do prédio estar a ser construído numa zona com muita água, situação que poderia alegadamente dar origem «a problemas de impermeabilização».

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