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Construção do Museu do Côa já arrancou

Obra, orçada em mais de 11,5 milhões de euros, ficará concluída no último trimestre de 2008

Depois de muitos anos de espera, arrancaram finalmente, na última segunda-feira, os trabalhos de construção do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, em Vila Nova de Foz Côa. A obra, há muito desejada e considerada de grande importância para o desenvolvimento do turismo na região, está orçada em mais de 11,5 milhões de euros e deverá ficar concluída no último trimestre de 2008.

O início desta empreitada deixou naturalmente satisfeito o autarca de Foz Côa, Emílio Mesquita para quem o Museu do Côa terá «grande impacto» no concelho, mas também em «toda a região». Trata-se de uma obra «muito importante, estratégica e estruturante», reforçou. A juntar às gravuras rupestres, o equipamento permitirá atrair turistas «um pouco de toda a Europa», ambiciona o edil, servindo ainda para que Foz Côa ganhe «toda uma dimensão e uma centralidade incomparáveis». Após um processo que teve bastantes recuos e avanços até começar a ser implementado no terreno, Emílio Mesquita acredita que desta vez os prazos serão cumpridos, até porque «está tudo assegurado em termos de financiamento». De resto, «o empreiteiro a quem a obra foi entregue tem capacidade para fazer muitas coisas de um modo rápido», sublinhou. A obra adjudicada ao grupo nortenho “MonteAdriano”, sediado na Póvoa de Varzim, tem financiamento assegurado pelas verbas inscritas no PIDDAC do Instituto Português de Arqueologia (IPA), sendo que, a partir da data da consignação, a construtora tem 600 dias para concluir os trabalhos. De acordo com uma nota da Câmara de Foz Côa, o Museu terá o seu âmbito e conteúdos assentes «na divulgação e preservação da arte rupestre do Vale do Côa, classificada como Património Nacional e Património da Humanidade pela UNESCO».

Por outro lado, «de forma a preservar e valorizar o património, o IPA aposta numa exposição permanente que assentará na produção de réplicas dos painéis de arte rupestre e na inclusão dos originais em risco de destruição, caso sejam mantidos nos locais de origem». Quanto ao trajecto expositivo, será desenvolvido de forma a possibilitar duas alternativas: um percurso cronológico e outro temático, sendo ainda criado, «como oferta complementar», um núcleo com a função de “showroom”, «tanto dos trabalhos arqueológicos em curso na região, como de espólio à guarda do Museu». Ainda segundo a autarquia, as obras de construção do edifício, arranjos exteriores e acesso rodoviário serão financiadas através do Programa Operacional do Centro. Já o Programa Operacional da Cultura suportará as verbas para a instalação da exposição permanente e toda a área de museografia, sinalética interior e exterior, bem como pela aquisição de terrenos imprescindíveis ao empreendimento. O processo do Museu do Côa arrastou-se durante perto de uma década, estando integrado na estratégia global dos investimentos anunciados após a descoberta das gravuras rupestres em 1994. O Museu foi inicialmente pensado para a zona onde começou a ser construída a barragem, na Canada do Inferno, mas a obra foi suspensa com a descoberta das gravuras no rio Côa.

Posteriormente, o museu foi reavaliado e deslocalizado para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Douro e Côa, no Vale de José Esteves, na zona Norte do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC). Foi para este local – uma área de seis mil metros quadrados e 190 metros de cumprimento, o equivalente a um porta-aviões – que os arquitectos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo idealizaram um monólito com janelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o vale do Douro. Com uma forma triangular, o museu será o resultado de três condições topográficas, em que o ponto mais alto do terreno está “entalado” entre os Vales do Forno e o de José Esteves, abrindo uma terceira frente que vai de encontro aos rios Douro e Côa.

Ricardo Cordeiro

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