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Construção da Barragem da Ribeira das Cortes continua por resolver

Proprietário de terreno acusa autarca covilhanense de exercer «pressões» junto do IGESPAR

«Não sei como vai acabar este assunto, mas tudo farei para por a barragem no sítio certo, que não é aquele». Esta é a garantia deixada por Luís Alçada Baptista, proprietário de um terreno na freguesia de Cortes do Meio, na Covilhã, onde a Câmara pretende construir uma nova barragem para abastecimento de água.

O caso remonta a Agosto de 2008 quando Luís Alçada Baptista requereu ao director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) a abertura do processo de classificação da sua propriedade naquela freguesia, conhecida como “Tapada do Dr. António”. A existência de um sistema hidráulico singular para enchimento de lameiros e de duas habitações modernistas foram os argumentos invocados. Analisado o dossier, o IGESPAR deu aval para que a classificação se procedesse, facto que não agradou a Carlos Pinto, presidente da autarquia, que, em Maio, escreveu uma carta ao então presidente do Instituto, Elísio Summavielle, pedindo o cancelamento do processo. Em causa estava a construção da barragem da Ribeira das Cortes no mesmo sítio, uma infraestrutura que permitirá o armazenamento de mais dois milhões de metros cúbicos de água para abastecer a população do concelho.

Luís Alçada Baptista garante «ter tido informações de uma reunião esta semana entre o autarca e o agora nomeado secretário de Estado da Cultura». Para o proprietário, trata-se de «mais uma tentativa de fazer pressão para que o processo de classificação volte a ser chumbado». Afirma também que «qualquer pessoa que lhe faça frente [a Carlos Pinto], ele toma aquilo de uma forma pessoal e mesmo que tenha chegado à conclusão de que estava errado, tudo fará para levar a dele a avante». E vais mais longe: «O presidente da Câmara entende isto como uma guerra e, em vez de estar a defender o interesse da Covilhã e da Serra da Estrela, vê isto como uma defesa da sua honra», critica. O “braço-de-ferro” entre autarca e proprietário parece não ter fim à vista, mas Luís Alçada Baptista garante que há duas soluções para a barragem. «Uma, que é ajustada, é a que estava prevista pelos primeiros estudos de impacto ambiental e que só mudou de sítio por uma questão burocrática», afirma.

A outra é a que está actualmente em cima da mesa, e que, segundo o dono do terreno, «não tem nada a ver com questões ambientais, nem de ordenamento do território, mas com uma impossibilidade de se fazer no sítio onde haveria de ter sido feita». Luís Alçada Baptista defende ainda que a infraestrutura «deve ser feita num local abaixo, que também é propriedade minha. A questão não é querer um empreendimento na minha propriedade, quero é que seja feito no sítio certo», sublinha. E avisa: «Tenho do meu lado instituições e nomes de vulto ligados ao património e ao ambiente, que não são políticos, mas pessoas consideradas na área, e vai haver mais notícias em breve». Contactado por O INTERIOR, o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, recusou prestar declarações sobre o assunto.

Rafael Mangana “Braço-de-ferro” pela construção da nova infraestrutura mantém-se

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