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Constantino Rei diz-se «sistematicamente» penalizado

ESTG volta a viver momentos conturbados por causa de progressão na carreira docente

Tudo poderia ser simples. Um professor adjunto está em condições de subir para a categoria de professor coordenador, o topo da carreira docente do ensino superior politécnico. Isto há três anos, desde que Constantino Rei concluiu o doutoramento no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa. Tempo demais, considera o professor e director demissionário da ESTG por alegadamente ver «bloqueada por completo» a progressão dos professores adjuntos na carreira docente

A progressão na carreira docente na Escola Superior de Tecnologia e Gestão está dependente de «amizades e influências», garante Constantino Rei, que em 2001 já não tinha dúvidas de que «nunca» ascenderia a professor coordenador, como disse na altura a “O Interior”. «De nada adianta procurar muitas justificações ou encontrar responsáveis, pois a responsabilidade é objectiva e tem que ser atribuída a todos os senhores professores coordenadores», refere agora, avisando que não está «mais disponível para trabalhar em prol dos outros e continuar a ser sistematicamente penalizado». A situação tem consequências nefastas nas carreiras dos docentes, já que enquanto os actuais adjuntos não progredirem não haverá mais vagas para novos adjuntos. No documento enviado na altura ao Ministro da Educação, o director da ESTG realça este ponto garantindo que «impedindo a minha progressão, ou de outros professores adjuntos, está-se directamente a impedir que outros docentes com mais de uma dezena de anos de serviço na instituição, com provas de mestrado e/ou doutoramento concluídas possam igualmente subir na carreira».

Por outro lado, considera como a «última e maior provocação» de todas a proposta de abertura de concursos para professor coordenador nas áreas de Informática e Engenharia Civil, uma “gota de água” que se junta ao «péssimo» relacionamento com o presidente do IPG: «Não só não existe diálogo e cooperação, como nem sequer existe relacionamento algum entre o director da ESTG e o presidente do IPG, para quem a prepotência e o autismo têm sido o seu apanágio», acusa. Nestas circunstâncias, o professor diz-se «saturado, desmotivado e descrente», mas sobretudo apreensivo quanto a uma «inevitável, completa e total destruição» do IPG dada a falta de colaboração entre os responsáveis. Na sua opinião, o Politécnico é um «”barco” à deriva, sem ideias nem projectos, sem “comandante” à altura e com “marinheiros” que, ou estão desmotivados ou acomodados», exemplificando com o «orgulhosamente só» do Instituto no aspecto da cooperação com outras instituições de ensino superior da região. «Como se não chegasse sermos o Politécnico do país com maior corte orçamental, vemos agora que somos também, em todo o país, a instituição que menor apoio vai receber através dos “contratos-programa”: uns míseros 400 mil euros para quatro anos, fruto das propostas da ESTG e da ESenf. Compreendem-se agora os cortes orçamentais. Para quê dar dinheiro a quem não tem ideias nem projectos?», questiona Constantino Rei.

Luis Martins

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