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Consórcio também está «farto» das obras

Requalificação de ruas no centro histórico da Guarda só foi adjudicada no mês passado e está previsto terminar durante o próximo mês

As obras de requalificação do centro histórico continuam envoltas em polémica. Depois dos comerciantes terem demonstrado a sua indignação por não verem as obras concluídas, o representante da ARL Construções vem manifestar também a sua revolta face àquelas acusações. É que os trabalhos só foram adjudicados há um mês, por isso «mais rápido é impossível», garante Jorge Leão, farto de ser responsabilizado pelos sucessivos atrasos.

Esta “operação” urbanística ao “coração” da cidade nem se quer estava prevista, recorda, dizendo que as obras só foram lançadas em Setembro graças a um rateio realizado pelos Polis do país em que foi possível arranjar financiamento para suportar esta intervenção. O concurso decorreu em Setembro e só depois foi comunicada a empresa adjudicada. «A 2 de Novembro assinámos o auto de consignação e as obras começaram de imediato», esclarece Jorge Leão, representante da António Rodrigues Leão (ARL) Construções, que venceu o concurso público. Por isso, o engenheiro está «espantado» e «indignado» com as recentes notícias que dão conta da revolta dos comerciantes, porque «mais rápido não será possível fazer», sublinha. A verba que o PolisGuarda conseguiu veio permitir intervir em mais duas ruas do centro histórico, a da Paz e António Júlio, que não estavam previstas, para além da conclusão da Francisco Passos com o Largo de S. Vicente. Trata-se de quatro empreitadas que foram adjudicadas por cerca de 400 mil euros. Neste momento, a Rua Francisco dos Prazeres e o Largo de S. Vicente têm já uma grande parte concluída, «cerca de 40 metros foram alvo de intervenção», garante o engenheiro. Em execução está também a Rua Rui Pina até ao Centro de Informação do Parque Natural da Serra da Estrela, ou seja, frente à Igreja de São Vicente.

«Este troço deverá ficar concluído durante a próxima semana, desde que não apareça nenhum achado arqueológico no Largo de S. Vicente», assegura o responsável. O problema é que «já para minimizar os prejuízos» aos residentes e comerciantes, as obras estão a ser realizadas por troços, porque «para nós seria muito mais fácil fazer a intervenção de uma só vez», indica. Em termos de contrato, as obras estão previstas terminar a 10 de Janeiro, «mas espero acabar antes do tempo determinado», realça Jorge Leão. Prazos que vêm contrariar a última garantia dada pelo Polis à Associação de Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), quando se afirmou que as obras da Rua Francisco de Passos estariam concluídas a 10 de Dezembro. Com a época natalícia “à porta”, a ACG tem recebido vários testemunhos de consternação por parte dos seus associados, relativos à lentidão do processo de requalificação da zona histórica. «Todas as reclamações se centram numa única preocupação: quando é que terminam as obras?», referiu Paulo Manuel, vice-presidente da ACG, em declarações ao “O Interior”, numa das últimas edições. Foram tantos prazos ultrapassados e adiamentos esfumados que «os comerciantes já perderam a esperança e não sabem no que devem acreditar», confessou o responsável. Até porque esta intervenção não se encontra concluída nas áreas que o Polis indicava como terminadas há vários meses no cronograma. «Apesar do grosso das obras estar quase concluído, há determinadas ruas que estão intransitáveis e que causam muitas preocupações aos comerciantes», adiantou Paulo Manuel. Por isso, os proprietários dos estabelecimentos daquela zona estão «extremamente preocupados». Neste momento há lojistas que preferiram encerrar enquanto decorrem os trabalhos. «Mesmo que a data seja cumprida, as compras de Natal já começaram, o que só implica mais prejuízos», salienta o dirigente. «Trata-se de um período fundamental para o comércio. Esta altura é tão importantes como o resto do ano», garante Paulo Manuel, acrescentando que seria o período ideal para que os associados recuperassem dos prejuízos acumulados ao longo dos vários meses de obras.

Patrícia Correia

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