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Consequências

mitocôndrias e quasares

A vida política portuguesa nas últimas semanas tem girado em torno das habilitações profissionais do primeiro-ministro de Portugal. Os factos relatados ao longo desta história provam que o mundo que habitamos é um sistema dinâmico e muito complexo. Estes acontecimentos fizeram-me recordar uma teoria, assente em princípios físicos e matemáticos, que procura explicar que determinado resultado é fruto de um conjunto de outros acontecimentos que interagem de forma aleatória.

Com esta ideia procura-se explicar que os acontecimentos que vivemos, diariamente, se devem a um conjunto sucessivo de elementos. Esta Teoria ficou conhecida como a Teoria do Caos e é a tentativa científica, em especial recorrendo a equações matemáticas, de provar que o “acaso” pode ser determinado, procurando definir fenómenos aparentemente imprevisíveis, recorrendo para tal à busca de padrões escondidos e de leis simples que regem os comportamentos complexos.

A maioria dos sistemas naturais, como o clima, a dinâmica das populações, os gases ou os líquidos entre outros são sistemas complexos, que não se comportam de forma regular e linear, pelo que são denominados de sistemas não-lineares. Ao contrário dos sistemas lineares onde, recorrendo a um conjunto de equações físico-matemáticas delimitadas por certas condições, é possível descrever uma pseudo-realidade, nos sistemas não lineares a simples álgebra convencional não consegue dar respostas exactas, pois as variáveis de influência além de existirem em elevado número não respondem de forma organizada às suas variações.

Um dos exemplos mais utilizados na ilustração desta teoria é o efeito da borboleta. Este efeito, analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz, refere que as condições iniciais – o bater de asas de uma simples borboleta – poderia influenciar o normal desenvolvimento dos acontecimentos, podendo no limite provocar um furacão numa outra região do planeta.

O clima e as previsões meteorológicas são uma área onde a Teoria do Caos desenvolve os seus trabalhos. O clima por ser um sistema dinâmico muito sensível a alterações das suas variáveis, e simultaneamente um sistema transitório, faz dele um alvo preferencial de trabalho pela Teoria do Caos.

Os modelos numéricos estudados pela teoria introduziram uma melhoria significativa na exactidão das previsões meteorológicas, em especial quando comparadas com as primeiras previsões superiores a um dia, uma vez que estas últimas baseavam-se em metodologias muito subjectivas. Com a aplicação dos princípios da Teoria do Caos, as previsões meteorológicas ganharam um rigor científico, que permite observar estas previsões com confiança.

Esta ideia, apesar de inicialmente ter surgido como uma explicação para fenómenos meteorológicos, tem vindo a aumentar exponencialmente o seu número de aplicações, nomeadamente no Direito e na Economia, e ultimamente também na Politica.

O facto do diploma do primeiro – ministro ter, passados tantos anos, causado polémica mostra com as condições iniciais condicionam de forma decisiva os acontecimentos futuros.

Por: António Costa

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