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Condutor que vitimou dois GNR continua com «prognóstico reservado»

Bruno Mendes, de 34 anos, já cumpriu pena efetiva de prisão por furto de uso de veículo

Bruno Mendes, o condutor da viatura que na noite de terça-feira da semana passada abalroou um carro do Destacamento de Trânsito da GNR da Guarda e provocou a morte de dois militares na A23, perto de Belmonte, continua com «prognóstico reservado» nos Hospitais da Universidade de Coimbra.

O pastor de 34 anos, solteiro e originário do concelho do Fundão, furtou a viatura envolvida no acidente numa quinta agrícola em Vila Nova de Foz Côa onde estava a trabalhar há uma semana e, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, cumpriu pena efetiva de prisão pelo crime de furto de uso de veículo. De acordo com informação prestada pelo Gabinete de Comunicação, Informação e Relações Públicas dos HUC, na última terça-feira Bruno Mendes encontrava-se internado no Serviço de Medicina Intensiva daquela unidade hospitalar, «ventilado e com prognóstico reservado». Quanto ao sargento Nuno Andrade, que sobreviveu ao acidente e que sofreu ferimentos nas pernas e num maxilar, também continuava internado em Coimbra mas a evoluir «favoravelmente», de acordo com o tenente-coronel Cunha Rasteiro. O chefe da Secção de Operações, Informações e Relações Públicas do Comando Territorial da GNR da Guarda adianta que «ainda não há conclusões» do inquérito que está a decorrer e que é «prematuro» dizer se, no momento do embate, estavam um ou dois militares no exterior da viatura abalroada.

Certo é que o condutor estava no interior do veículo da patrulha e que ficou encarcerado. As circunstâncias em que o acidente ocorreu continuam a ser investigadas pelo Núcleo de Crimes de Acidentes de Viação da GNR de Castelo Branco e dependendo da tese que prevalecer, o indivíduo poderá vir a ser julgado por dois crimes de homicídio (qualificado ou por negligência), por um terceiro crime de ofensas corporais graves ou homicídio na forma tentada e ainda pela prática de um crime de furto. O dono da Mercedes Vito envolvida no acidente, e proprietário de uma quinta na zona de Muxagata onde Bruno Mendes estava a trabalhar desde o início do mês, apresentou queixa na GNR de Foz Côa ainda no dia do acidente e a investigação do furto do veículo está a cargo do Núcleo de Investigação Criminal do Destacamento Territorial da GNR de Pinhel.

Sargento ferido estava na Guarda há uma semana

Na passada quinta-feira várias centenas de pessoas assistiram ao funeral do guarda José Joaquim Barrancos, que decorreu em Vilar Formoso, terra natal do militar de 32 anos, solteiro e que prestava serviço na Guarda há cerca de três anos. As cerimónias fúnebres decorreram num ambiente de grande dor e consternação e contaram com a presença do Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que se escusou a prestar declarações aos jornalistas. No mesmo dia, realizou-se o funeral do cabo Marco Cruz, de 33 anos e natural de Castro Daire (Viseu). O militar, que estava na Guarda desde junho de 2011, deixa uma filha de cinco anos e estava muito perto de voltar a ser pai, pois a esposa está em avançado estado de gravidez. Já o sargento Nuno Andrade tem 30 anos, é natural de Trancoso e chegou no início do mês à Guarda, depois de ter terminado recentemente o curso da GNR.

A Divisão de Comunicação e Relações Públicas do Comando-Geral da GNR informou, em comunicado, que «os militares se encontravam na berma da estrada, com uma viatura de serviço devidamente sinalizada, a regularizar o trânsito e a suprimir uma das vias, em virtude de um incêndio florestal que deflagrava junto» à A23, na zona de Maçaínhas. A viatura civil embateu na traseira da viatura militar, «por causa desconhecida e sob investigação, provocando a morte de dois militares». As famílias enlutadas receberam apoio psicológico da Guarda.

Associações de Guardas pedem «mais atenção» do Governo

José Alho, presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), elogiou «o trabalhado realizado durante a madrugada pelos psicólogos da Guarda» junto dos familiares das vítimas, sustentando que ser militar da GNR «é uma profissão de risco e tem de ser olhada pelo Governo com mais atenção», alertando que «devido ao facto do carro ser furtado, as seguradoras não indemnizam». De igual modo, a Associação Nacional de Guardas (ANAG) frisou que este foi «apenas mais um caso em que os militares foram as vítimas de atos criminosos, más condutas e desrespeito pelas forças de segurança». Em comunicado, a ANAG sublinhou que o abalroamento de viaturas da GNR tem vindo a aumentar e para travar estas situações «devem ser adotadas as medidas adequadas ao trabalho que desempenham».

Autor do incêndio tem 71 anos

A Polícia Judiciária da Guarda anunciou, na quinta-feira, a detenção de um reformado por suspeita da autoria do incêndio florestal que consumiu mato e floresta na zona de Maçaínhas (Belmonte) na passada terça-feira.

«O incêndio terá sido ateado pelo suspeito para proceder à limpeza de algumas zonas de mato numa propriedade que lhe pertence», refere a PJ, segundo a qual o vento que se fazia sentir na altura, «aliado ao estado de grande secura em que se encontra o terreno em questão, levou a que o fogo progredisse rapidamente, atingido uma extensão de várias dezenas de hectares». As chamas só foram dominadas «cerca de sete horas depois». Com 71 anos, o detido não tem antecedentes criminais e foi presente a tribunal para primeiro interrogatório judicial.

Ricardo Cordeiro Funeral de José Barrancos juntou centenas de pessoas em Vilar Formoso

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