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Condições de segurança nas Minas da Panasqueira colocadas em “xeque”

Desabamento inesperado leva STIM a acusar a “Beralt Tin & Wolfram” e o director de serviços subterrâneos de «negligência» e «falta de responsabilidade»

A ocorrência de um desabamento inesperado nas Minas da Panasqueira, há cerca de duas semanas, levou o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) a colocar em “xeque” as condições de segurança da mina explorada pela “Beralt Tin & Wolfram”. António Matias, do STIM, considera que o desabamento se deve à «negligência» da empresa e à «falta de responsabilidade» do director de serviços subterrâneos que «acompanha pouco o desmontar da mina e a sua condição», acusa, pois o acidente «há muito que era previsto».

«Andam há meses a desmontar o terreno», garante, reduzindo ao máximo as colunas de suporte das galarias. «A sorte foi ter acontecido durante um fim-de-semana, pois se tivesse sido num dia normal teria sido um cemitério», revela, aliviado, o sindicalista, rejeitando a teoria de que se tal acontecesse no período de trabalho os mineiros ouviriam o barulho. «Com o barulho das máquinas, era impossível», sublinha. Esta posição é refutada por Ramachondra Naique, administrador da empresa concessionária das minas de volfrâmio, para quem este tipo de fenómenos «dá tempo e avisos» para as pessoas saírem da mina. «Temos perfeita consciência e controlo do que fazemos na mina», ressalva o administrador da “Beralt Tin & Wolfram”, rejeitando assim a acusação «sem sentido» de negligência nas condições de segurança. «A segurança é o problema fundamental para a empresa», acrescenta, adiantando que este factor vai de par com a «seriedade e competência» dos responsáveis. «Quando chegarmos à conclusão que não temos condições para garantir a segurança, paramos. É essa a nossa filosofia», avisa Ramachondra Naique, apontando, por sua vez, o dedo ao sindicato. «A mina tem uma comissão de segurança composta por uma equipa técnica, os representantes dos trabalhadores e o sindicato, que reúne regularmente. Como tal, a acusação do STIM não tem qualquer razão».

Para o administrador, tudo não passa de «demagogia» do sindicato, pois a mina funciona há mais de 50 anos e «desde os finais dos anos 60 que se explora este método de desabamento», justifica. «A operação estava controlada. Esperávamos que durasse mais um dia, mas antecipou», reconhece Ramachondra Naique, acrescentando, no entanto, que «não é a primeira vez que acontece e não é uma surpresa». Daí que, junto à mina, tenham acautelado quatro veículos – que ficaram subterrados – para limpar a zona o mais rápido possível após o desabamento. O problema é que o desabamento apanhou desprevenidos responsáveis e trabalhadores, pelo que a empresa vai «analisar toda a situação e as futuras consequências para outras obras». Entretanto, o sindicato aguarda por uma reunião pedida «com carácter de urgência» ao Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) e por uma outra com a administração.

Liliana Correia

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