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Concurso de Vinhos promove néctares da região

Resultados vão ser conhecidos dia 27 na mostra “Vinhos e Sabores da Beira Interior”

A Beira Interior tem mais um trunfo no mercado dos vinhos, apesar de partir atrasada num negócio em transformação. O I Concurso de Vinhos da Beira Interior, organizado pelo NERGA – Associação Empresarial da Guarda, e pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior, mostrou alguns dos melhores néctares da região a vários especialistas nacionais. Na passada quinta-feira, a Quinta da Ponte, na Faia (concelho da Guarda) acolheu 15 peritos, cuja apreciação vai ser conhecida dia 27. Em evidência ficou a evolução ocorrida nos últimos anos.

Do júri, presidido por Galhardo Simões, fizeram parte enólogos de renome nacional, provadores das várias Comissões Vitivinícolas Regionais, dois escanções e um jornalista da especialidade. Sobre a mesa estiveram 79 vinhos a prova: 26 brancos, seis rosados, 46 tintos e um Vinho Espumante de Qualidade Produzido em Região Determinada. Este evento, pioneiro na Beira Interior, é visto com bons olhos pelos diversos intervenientes do meio. Para João Afonso, jornalista da Revista de Vinhos, «a organização deste concurso impunha-se na Beira Interior, como região vitivinícola que é». A iniciativa «chama outras pessoas à região, dinamiza-a e, acima de tudo, esta competitividade saudável entre os vários produtores traz vantagens», pois «aqueles que conseguirem medalhas têm nesse facto um factor adicional na promoção», explica.

Galhardo Simões mostrou-se satisfeito pela organização do concurso: «Nos últimos tempos tem havido conversões muito extensas e até muito intensas nas vinhas, e por isso a qualidade tem subido. Agora tem de se conseguir dar a conhecer essa qualidade e é neste âmbito que o concurso se insere». O também viticultor olha para o mercado e nota um acentuar das exigências dos consumidores, uma vez que que «agora já não se vende um vinho qualquer. O consumidor quer qualidade e tem padrões de referência». «O caminho é fazer cada vez melhor. Hoje, ou se cresce ou se morre. Já não chega atingir um certo patamar e ficar por aí», vaticinou.

Nuno Galvão, enólogo da Adega Cooperativa da Vermelha, na região da Estremadura, partilha da opinião de Galhardo Simões e regista «algumas melhorias em termos qualitativos» desde que saiu da Adega da Covilhã, onde trabalhou durante 12 anos, até 2000. Na região, o especialista encontra muitas potencialidades na produção de vinhos brancos. Quase uma década depois, encontrou a concurso «vinhos mais dentro do mercado e a prova disso é que esta região tem crescido em termos de comercialização». O enólogo destaca os vinhos brancos a concurso, que estão «mais europeus, frescos na boca e mais frutados em termos de nariz. Esta zona tem uma certa “finesse” a esse nível, com vinhos elegantes que ficam bem em pratos de peixe mais confeccionados e com algumas carnes leves».

João Afonso, que tem raízes familiares nesta zona, encontrou características parecidas às que Nuno Galvão enumerou, ainda que tenha detectado «alguns defeitos de sulfitos, com aromas off. «A Beira é uma região policromática, muito confusa, pois tem vários climas: altitude, mediterrânico, atlântico, em certa medida. E se isso pode ser vantajoso ao nível da qualidade, perde-se um pouco em termos de carácter regional», frisou.

Igor de Sousa Costa

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