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Concessão rodoviária da Serra da Estrela adiada sine die

Municípios da região vão tomar uma posição conjunta contra esta decisão nos próximos dias

A concessão rodoviária da Serra da Estrela foi metida na gaveta, à espera de melhores dias. A decisão foi anunciada por Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, e confirmada na segunda-feira pelo titular da pasta das Obras Públicas.

«Chegou-se a um momento em que importa reavaliar as prioridades do Plano Rodoviário Nacional (PRN), elaborado no ano 2000, face aos objectivos definidos para os outros modos de transporte e tendo, também, em consideração as condições económico-financeiras actuais e futuras e o custo de oportunidade dos investimentos», justificou António Mendonça. Quem não concorda com a opção são os municípios da corda da Serra, que deverão tomar uma posição conjunta contra esta decisão nos próximos e reunir com o governante para saber com o que contam. «É toda uma região que perde competitividade», garante Carlos Camelo, autarca de Seia, para quem a não construção dos três Itinerários Complementares (IC’s) previstos terá um «impacto significativamente negativo» em concelhos dos distritos da Guarda, Castelo Branco, Viseu e Coimbra. «A sua suspensão por tempo indeterminado é uma machadada na coesão territorial destes municípios e levanta obstáculos ao seu desenvolvimento, para não falar do bem-estar das populações», alega o socialista, considerando que a decisão do Governo faz «ruir uma luta de décadas das gentes de Seia, que já contavam com a construção destas vias».

Igualmente preocupado com esta medida está o Governador Civil. Santinho Pacheco, ex-autarca de Gouveia, outro concelho afectado, lamenta que sejam «sempre os mesmos a perder e ficar para trás». Até porque recorda que estas estradas já estavam previstas no primeiro Plano Rodoviário Nacional (PRN): «Outros IC’s foram entretanto construídos sem estarem previstos, pelo que quem fica para trás acaba inexoravelmente por perder», constata. Do outro lado da serra, Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, diz não estar surpreendido com esta decisão. «Na altura, não acreditei no anúncio de construção destas vias», refere, revelando ter já contactado a Câmara de Oliveira do Hospital para uma reacção conjunta. Também a autarquia de Seia está disponível para integrar o grupo.

Os estudos prévios dos traçados do IC6 (Covilhã-Tábua), do IC7 (Oliveira do Hospital-Fornos de Algodres) e do IC37 (Seia-Viseu), ligando as auto-estradas A23 e A25 pelo sopé da Serra, deveriam ficar concluídos até ao final do primeiro semestre deste ano. Além da Serra da Estrela, foram adiadas as concessões do Tejo Internacional, Baixo Vouga, Ribatejo e a auto-estrada do Centro.

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