Estão constituídas quase todas as unidades territoriais previstas na Reforma da Administração do Território. E escrevo “quase”, porque na nossa região o processo de constituição das Comunidades Urbanas (ComUrb) parece uma novela sem fim.
Primeiro episódio: Constituição de uma ComUrb com todos os municípios pertencentes aos distritos de Guarda e Castelo Branco. Alguns concelhos da região optam desde logo por outras comunidades.
Segundo episódio: Vários concelhos do distrito da Guarda rejeitam a inclusão de Castelo Branco na Comunidade. Para além do total alheamento do município albicastrense em relação a todo o processo, ninguém apresenta uma única razão lógica para esta rejeição.
Terceiro Episódio: Penamacor e Fundão juntam-se a Castelo Branco na procura de novas parcerias. Para evitar a divisão da Cova da Beira em diferentes comunidades, os quatro concelhos envolvidos criam uma associação intermunicipal para fins específicos.
Quarto episódio: Castelo Branco, Fundão e Penamacor viram-se para Portalegre, mas Nisa prefere uma Grande Área Metropolitana só com alentejanos. Não havendo contiguidade do território, este trio fica a aguardar uma decisão dos restantes municípios do Norte alentejano.
Quinto episódio Pelo sim, pelo não, Castelo Branco, Fundão e Penamacor vão bater à porta da ComUrb do Médio Tejo. Esta comunidade, já constituída, aceita o pedido e responde com um … nim.
Sexto episódio: Correm rumores de que Penamacor não vê com bons olhos a sua integração na ComUrb do Médio Tejo, mas como não quer abandonar o Fundão, mantém-se no grupo dos três.
Sétimo episódio: Na comunidade constituída a Norte – aparentemente estabilizada – a cidade da Guarda reivindica as sedes dos órgãos de governo desta comunidade. A Covilhã responde que esses órgãos devem instalar-se nos concelhos mais pequenos. Antevê-se tempestade.
Oitavo episódio: Freguesias dos concelhos de Fundão, Penamacor e Sabugal sentem-se marginalizadas no processo de constituição das comunidades e exigem um papel mais activo.
Próximos episódios: Beira Interior e Alentejo produzem novos e inesperados argumentos que facilitem o adiamento de uma tomada de decisão.
Previsível último episódio: O Governo define o mapa da região, passando um atestado de menoridade a alguns autarcas locais.
Por: João Canavilhas
