Carlos Pinto, presidente da Junta da Comunidade Urbana das Beiras, defende o alargamento da Comurbeiras a mais municípios da Beira Interior. Em concreto, o autarca da Covilhã garante que vai endereçar o convite ao município do Fundão, não deixando de “piscar o olho” a alguns concelhos do Norte do distrito da Guarda que integram a Área Metropolitana de Viseu, como Gouveia, Seia, Fornos de Algodres e Aguiar da Beira. Os órgãos dirigentes da Comurbeiras, Junta e Assembleia, tomaram posse na passada quinta-feira, na Câmara de Belmonte.
O presidente da Câmara da Covilhã tomou posse como presidente da Junta da Comunidade, órgão executivo que vai ficar sediado em Manteigas, tendo como vice-presidentes Amândio Melo e António Baptista Ribeiro, autarcas de Belmonte e Almeida, respectivamente. Tomaram também posse 24 membros da Assembleia da Comunidade, dos 12 concelhos, faltando 13 à cerimónia, sendo que três dos delegados faltosos foram os representantes da CDU eleitos na lista “Pela Beira Interior”: Jorge Fael (Covilhã), Ilda Leal (Belmonte) e Honorato Robalo (Guarda). João Almeida Santos, presidente da Assembleia Municipal da Guarda, foi eleito pelos membros empossados para presidir ao órgão deliberativo, cuja sede vai funcionar em Belmonte. Contudo, havia um “compromisso” assumido por Carlos Pinto para que fosse um representante da Guarda a presidir à Assembleia. «É uma questão de equilíbrio nos órgãos da ComurBeiras», justificou-se na altura um dos elementos da lista. Como vice-presidente da Assembleia foi eleito António Manuel Leal (Trancoso) e para secretário Francisco Fernando Ribeiro, de Penamacor.
Carlos Pinto defendeu que «pela lógica da agregação em regiões NUT faz todo o sentido que o Fundão faça parte da Comunidade. Gostaríamos muito que estivesse presente, bem como outros que estão a Norte, actualmente com a comunidade de Viseu», reforçou. O presidente da Junta da Comurbeiras afirmou que «oportunamente» vai formular «directamente» o convite aos municípios em questão. A estratégia a utilizar para conseguir alargar o leque de municípios passa por apresentar a Comurbeiras como uma «realidade constituída com os seus orgãos a funcionar, com projectos, planos e uma perspectiva de participação muito importante no desenvolvimento da região», sublinhou. Na cerimónia de tomada de posse, o edil da Covilhã referiu que «estamos num momento altamente importante para o nosso futuro. Pela primeira vez depois da adesão à União Europeia, Portugal vai ter um Quadro Comunitário de sete anos. Em termos de planeamento implica algo que não foi experimentado até agora», salientou. Por outro lado, Carlos Pinto considera que as Comunidades Urbanas têm uma «porta aberta para poderem avançar, até porque a legislação não foi revogada».
Projectos só no final do ano
Em Outubro, a Junta apresentará na Assembleia um documento de acção «sobre aquilo que queremos depois que constitua forma reforçada na sua legitimidade para apresentá-la ao Governo», bem como o orçamento para 2007. Apesar de ter chegado a afirmar que a Comurbeiras «é um “nado-morto”, não serve rigorosamente para nada, visto que os seus órgãos não têm nenhum poder de decisão sobre o desenvolvimento regional», Joaquim Valente, edil da Guarda, marcou presença na cerimónia e garantiu que está de «corpo e alma» no projecto. «Este não é o meu modelo preferido, mas sou um adepto do intermunicipalismo. A Câmara da Guarda está inserida em várias associações e estamos aqui para dar cumprimento à legislação», assegurou. Também o recém-empossado presidente da Assembleia da Comurbeiras acredita no projecto: «Se soubermos posicionarmo-nos de forma criativa, empenhada e produtiva, independentemente de quaisquer ajustamentos que venham a ser feitos, poderemos vir a colher frutos decisivos para o desenvolvimento da nossa região», frisa João Almeida Santos. Actualmente, a Comurbeiras integra todos municípios da NUT Beira Interior Norte (Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso) e três da NUT Cova da Beira (Belmonte, Covilhã e Penamacor), faltando o Fundão.
Ricardo Cordeiro
