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Comunicação de Ciência

mitocôndrias e quasares

O conhecimento científico e tecnológico é, hoje, consensualmente apontado como um dos principais pilares das dinâmicas de desenvolvimento económico, social e cultural das sociedades contemporâneas. Neste sentido, a influência social da ciência propagou-se às diferentes formas de pensar, disposições cognitivas e orientações da acção da vida quotidiana das sociedades de tal modo que, nas últimas duas décadas, assistiu-se ao incremento de debates acerca de temas científicos e tecnológicos na sociedade.

O cidadão necessita de participar activamente na discussão destes temas, precisa de entender as grandes questões que se põem à ciência na época contemporânea sendo, deste modo, importante alargar à população em geral, ou pelo menos a segmentos tão vastos quanto possível, a apreensão de aspectos fundamentais inerentes à ciência.

A importância de promover a participação do cidadão na ciência apresenta duas dimensões: a primeira associada ao papel da ciência, enquanto dispositivo cognitivo, retórico e comunitário de produção de estratégias de sobrevivência na relação homem/natureza; a segunda, como mecanismo dos governos para legitimar decisões políticas, relacionadas com a ciência e a tecnologia, através da responsabilização dos cidadãos nas definições das estratégias a desenvolver. Esta é a tese do relatório da The Royal Society of London que defende que,

Uma melhor compreensão da ciência pelo público pode constituir um elemento determinante para a promoção da prosperidade nacional, elevação da qualidade da decisão pública e privada e enriquecimento da vida do indivíduo. (The Royal Society of London, 1985)

É neste contexto que, nas últimas duas décadas, se tem reconhecido a importância de aumentar a proporção de cidadãos cientificamente literados para participarem no debate público sobre ciência e tecnologia, surgindo deste modo o conceito de Literacia Científica.

A Literacia Científica tem sido marcada pela volatilidade desde que surgiu no final da década 50 do século passado, sendo alvo de interpretações e reinterpretações. Inicialmente caracterizada de forma empírica como um objecto pessoal que permite compreender: a inter-relação entre a ciência e a sociedade; a dimensão ética dos cientistas no desenvolvimento do seu trabalho; a natureza da ciência; conceitos básicos de ciência; diferença entre ciência e tecnologia e a inter-relação entre a Ciência e Humanidade.

O conceito de literacia científica pode ser encarado de uma forma empírica como a capacidade do indivíduo conseguir ler e escrever sobre ciência e tecnologia, sendo que esta definição por ser Esta visão empírica foi sendo substituída por uma visão mais próxima da que defende que a literacia científica está relacionada com o que o público deve saber sobre ciência o que, usualmente, implica a compreensão da natureza, objectivos e limitações da ciência associada à compreensão das mais importantes ideias científicas.

Deste modo e como defende Thomas e Kindo a comunicação de ciência “ajudar a criar pontes entre o saber do senso comum das diferentes culturas, e o novo conhecimento científico internacionalizado”.

Por: António Costa

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