Discutir o distrito em 30 minutos era tarefa difícil, mas esse foi o contributo que O INTERIOR quis dar ao debate político ao promover um frente-a-frente entre os cabeças-de-lista de PS e PSD. Numa estação ferroviária modernizada e referência da arquitetura contemporânea na cidade da Guarda e, estranhamente, um dos poucos espaços abertos ao público onde, sem barreiras, é fácil criar um cenário dinâmico.
Marcámos a meio da tarde, para evitar eventuais confusões, na primeira jornada da semana decisiva – mesmo considerando que no distrito da Guarda não se arrisca muito quando se fazem prognósticos: 2 deputados para o PS; 2 deputados para o PSD. O resultado é o mesmo há alguns anos. E quando mudar… será mau… será porque o distrito perdeu gente e perderá mais um deputado (o que não deve tardar muito).
Manuel Meirinho chegou sozinho – o habitual no PSD –, mas contou logo com a companhia do vereador social-democrata, Rui Quinaz. Tudo ao contrário de Paulo Campos. Não era só o staff profissional (de que muito se fala…), mas também outros elementos da candidatura. Embalado pelos camaradas, o socialista não perdeu tempo, depois de esclarecer a sua relação com a Serra, e perante um Meirinho que tentava evidenciar que era natural do distrito, disparou que tinha «uma grande obra no distrito» e «estamos ambos hospedados no mesmo hotel». O ainda secretário de Estado aproveitou depois para enumerar «a obra feita pelo Governo». Paulo Campos sabia o óbvio, nesta matéria Meirinho nada pode reivindicar, pois claro, o que lhe permitia algum ascendente. Mas Meirinho não se furtou à análise dos números: «No último Censo o distrito perdeu 14 por cento da sua população». A partir daqui, o candidato do PSD não só equilibrou o debate como conseguiu mesmo, nalguns momentos, deixar Campos ancorado na necessidade de se justificar e de se repetir.
Se a primeira parte tinha permitido muitos sorrisos ao candidato socialista, a segunda mostrou um Manuel Meirinho que ainda não tínhamos visto na campanha, atento, informado, objetivo e audaz. Por vezes, de uma agressividade política de que até os seus correligionários se viriam a espantar. Mesmo com muitas diferenças, foi interessante perceber que ambos queriam passar a mensagem de defesa dos interesses do distrito e, por isso, Meirinho acabou por aceder a concordar com Paulo Campos, que o projeto de criar um hotel escola no antigo Hotel de Turismo pode ser positivo para Guarda.
No final, não foram 30 minutos como pretendíamos, foram 44, que apresentamos emwww.ointerior.tv. Mas para construirmos esse tempo de debate televisivo foi necessária uma grande disponibilidade e empenho por parte dos jornalistas de O INTERIOR. Esperamos ter contribuído para um melhor esclarecimento e enriquecimento democrático dos guardenses. Os candidatos estiveram à altura e comprometeram-se na defesa prioritária do distrito. Ainda bem. Até ver.
Luís Baptista-Martins