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Comprar fora sai mais caro

Apesar das portagens muitos guardenses procuram oferta variada em cidades vizinhas

A falta de “espírito natalício” na Guarda é um fato facilmente constatável. Tanto que, os egitanienses, por estes dias, deslocam-se às cidades vizinhas à procura da animação e alegria da época e por aí fazem as suas compras de Natal. Quem fica a perder é o “comércio tradicional” da Guarda que tinha esperança de «salvar o ano» nesta quadra, mas continua à espera que os clientes entrem e comprem.

Mas eles fogem. Cada vez mais. No passado fim-de-semana foram muitos os relatos que recebemos de pessoas que, entre Viseu, Covilhã ou Salamanca, procuraram o melhor presente, ao melhor preço, para porem no sapatinho dos entes queridos.

E, talvez pelo advento do pagamento de portagens, foi fácil encontrar muitos portugueses, da região, às compras em Salamanca. A oferta é variada, não implica pagamento de autoestradas e ainda dá para encher o depósito do carro. Salamanca por esta altura tem um senão: as “rebajas” ainda não chegaram. Mas tirando este pormenor… Faz toda a diferença.

Na Plaza Mayor a animação é constante. No centro da praça onde tudo acontece, um enorme presépio em metal e gesso ilumina a vida helmântica. À volta, tudo ganha vida e nem o frio impede que a vida comercial se agigante e os cidadãos, em grande rodopio, façam as suas compras. Os portugueses, da região, misturam-se por entre a multidão e só lamentam que a crise não lhes permita ter mais poder de compra para carregarem sacos cheios. Mas fica, disso não há dúvidas seguramente, a alegria contagiante, o espírito de festa, as luzes, as estrelas, o azul e o dourado, que cobrem as principais artérias da cidade numa iluminação que não se sabe onde termina, porque está por todo o lado. A alegria que leva as pessoas à rua, que ilumina o Natal de pequenos e graúdos e que ajuda o comércio a vender.

Para os que preferiram abandonar o “casco viejo” e comprar no “shopping” (coisa que os salamatinos apreciam pouco) o “El Tormes” tem oferta q.b., com lojas conhecidas e uma oferta pouco relevante. Pelo meio, coincidências, é possível encontrar o “grande parque de fiestas”, que empolga os mais pequenos, com insufláveis e animação de Natal. Junto à zona de diversão da pequenada, um globo (por coincidência) similar ao que está na Praça Velha, na Guarda (igualmente decorado com motivos de neve) e as casas do pai Natal (consultada a imprensa local, lê-se que a portuguesa Sonae, gestora do centro comercial, despendeu pouco mais de sete mil euros por toda a animação natalícia do “El Tormes”, que se prolonga até aos Reis).

Aqui, vários animais completam a zona de animação. Há gente por todos os lados, Há portugueses em todos os cantos. O comércio da Guarda, no passado fim-de-semana, pode não ter recebido muitos clientes e ter feito ainda menos vendas, mas as cidades vizinhas ganharam milhares de euros com as vendas aos egitanienses. Mesmo num contexto de aperto e crise, e apesar de comprar fora sair mais caro que comprar cá dentro. Para os comerciantes, este é o tempo de salvar o ano. Ou talvez não. Talvez as portagens nas Scut não cheguem para inibir de ir comprar fora.

O Festival de Iluminação de Natal de Salamanca

Na noite fria do passado dia 15, a Plaza Mayor de Salamanca recebeu mais de 35 mil jovens procedentes de diversos pontos de Espanha e de Portugal, segundo a organização, para «despedir o ano 2011». A festa de abertura da iluminação de Natal, transformou-se num costume académico e coincide com o final do primeiro trimestre de aulas na Universidade. Com a Plaza apinhada de gente, especialmente estudantes, e depois de soarem a 12 campanadas da meia-noite, em vez das tradicionais passas do fim-de-ano assistiu-se a um inédito festival de cor e luz, realizado com filtros vermelhos e verdes, «as cores do Natal e de Portugal, país tão vinculado a Salamanca», explicou o alcaide de Salamanca, Alfonso Fernandez Mañueco. O espetáculo deslumbrante, proporcionado por 700 projetores, dá uma nova dimensão artística à Plaza Mayor.

Luis Baptista-Martins

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