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Compra do Teatro-Cine da Covilhã gera unanimidade

Deputados municipais aprovaram a proposta de compra e venda do imóvel no valor de 2,2 milhões de euros

Numa decisão raramente vista, todos os deputados da Assembleia Municipal da Covilhã aprovaram por unanimidade a proposta da autarquia para o contrato de promessa de compra e venda do Teatro-Cine da cidade. Na reunião realizada na última sexta-feira, foi ainda aprovada, por maioria, a proposta do Plano de Pormenor da terceira fase da zona industrial do Tortosendo, numa sessão que ficou marcada pelas muitas críticas aos resultados preliminares dos Censos de 2011.

Recorde-se que a autarquia anunciou em fevereiro do ano passado que tinha chegado a acordo com a família Pina Bicho para a aquisição do Teatro-Cine por 2,2 milhões de euros. O pagamento do emblemático imóvel, localizado no centro da cidade, será efetuado de forma faseada até 2023. O socialista Carlos Casteleiro foi o primeiro a intervir sobre este ponto para defender que se trata de um «um bom negócio e um ganho para a Câmara», bem como «uma mais-valia para o concelho». Contudo, deixou algumas questões no ar: «Já há forma de financiamento, não só do projeto, mas também da realização das obras e no timing e na cronologia em que elas vão ser efetuadas?», indagou. Também o representante do Bloco de Esquerda na AM felicitou o executivo pela finalização de uma compra que a Covilhã «e a sua dinâmica cultural há tanto tempo já exigiam». António Manuel Pinto considerou que a compra e a recriação do Teatro-Cine «como um Teatro Municipal público capaz de dinamizar, promover e intensificar a vida cultural do concelho é de uma grande importância».

Mas deixou dois reparos à autarquia, o primeiro foi o de frisar que o BE «é contra quaisquer tentativas de desfigurar o Teatro-Cine e de destruir o património estético e arquitetónico que este representa». Em segundo, sustentou que a criação do Teatro Municipal da Covilhã tem de implicar «a democratização do acesso aos palcos e à cultura». O presidente do município adiantou que a obra custará cerca de seis milhões de euros, afirmando que «gostava muito que os trabalhos arrancassem no próximo ano», mas acrescentou não poder dar a certeza que isso venha a acontecer: «Se encontrarmos financiamento e a parte própria do município for de 15 por cento dos 6 milhões – são 900 mil euros – e a Câmara está em condições de os suportar. Se for a 10 por cento melhor ainda», realçou. Carlos Pinto quer saber «qual é a orientação para o QREN na parte que falta utilizar, que eu espero que também abranja estas infraestruturas culturais sobretudo em cidades que não estão devidamente dotadas», tendo para o efeito já solicitado uma reunião ao novo secretário de Estado da Cultura.

«Houve muitos presidentes de Câmara a chamar quem fez os Censos aos seus gabinetes

O edil indicou que a escritura pública será celebrada a 20 de outubro, dia do feriado municipal, sendo que o projeto virtual de requalificação deverá ser divulgado nessa semana também. «Nessa altura é que pagamos a primeira tranche que está combinada. A Câmara passa a titular do bem e depois há um trabalho para fazer de encontrar financiamento. Podemos ter obra em 2012 como podemos não ter. Não quero prometer nada nem comprometer-me com datas», adiantou. Declarou ainda que para além do Teatro-Cine, a Câmara está a adquirir a antiga pensão que se situa por cima de uma entidade bancária e o espaço onde estava uma agência de viagens. Ali, a autarquia pretende-se recriar o café que já lá existiu. O futuro conjunto ficará com uma sala de 600 lugares, duas de 200 lugares e um pequeno teatro-estúdio, entre outras valências. As obras terão uma duração de dois anos, daí que «nunca podemos pensar nesta sala recuperada antes de 2014 ou 2015, mas temos que fazer o caminho. Este passo é muito importante e acho que a Câmara andou bem na forma como conduziu as negociações até hoje». O projeto de remodelação, no valor de cerca de 100 mil euros, foi adjudicado ao arquiteto Graça Dias.

Os resultados provisórios dos Censos de 2011 foram um dos assuntos em maior destaque no período de antes da ordem do dia com o social-democrata Paulo Tourais a falar em «criatividade» dos números relativos ao concelho de Castelo Branco, exigindo uma «explicação cabal» dos mesmos por parte do Instituto Nacional de Estatística. Também Carlos Pinto criticou os dados divulgados recentemente: «Expliquem-nos lá que raio de trabalho foi este? Eu não chamei ao meu gabinete quem fez os Censos antes de os mandarem para o INE, mas sei de muitos presidentes de Câmara que o fizeram para perguntar que números é que tinham e como é que iam tratar os presentes e os ausentes», acusou.

Sócrates e a «paciência» da Câmara

Perante uma intervenção de Carlos Casteleiro que elogiou o trabalho desenvolvido por José Sócrates enquanto primeiro-ministro, Carlos Pinto considerou que o PS «tem todo o direito de prestar homenagem» ao antigo governante. No entanto, considerou que uma coisa é «os socialistas homenagearem José Sócrates, outra é quererem fazê-lo de uma forma que se apresenta, até para o próprio homenageado, incómoda. As pessoas não mendigam distinções, elas surgem naturalmente», defendeu. De resto, o autarca garantiu que «sempre disse» que «termos alguém originário da cidade que chegou a primeiro-ministro merece uma distinção da cidade e não estou agora a dizê-lo. Disse-o em 15 de outubro de 2008». O autarca informou depois a Assembleia de que foram enviadas várias cartas em diferentes datas para o gabinete do antigo primeiro-ministro para que viesse receber a medalha de ouro da cidade e que nunca houve uma resposta afirmativa. Por isso, Pinto ironizou que «a Câmara da Covilhã é que devia ser homenageada por esta paciência», considerando que a atitude de José Sócrates demonstra um «profundo desprezo pela cidade».

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