Arquivo

Companhias de teatro queixam-se de dificuldades de contratação e pouca visibilidade

Directores artísticos de grupos profissionais de teatro reuniram-se pela primeira vez na Covilhã para debater os problemas que afectam o sector

A sede do Teatro das Beiras foi segunda-feira o palco de uma reunião dos directores de nove companhias profissionais de teatro sediadas fora dos grandes centros urbanos. O encontro serviu para discutir os problemas que afectam estas estruturas e as suas conclusões são um «contributo» para uma discussão cultural alargada com o Governo. As dificuldades na contratação de pessoal, como gestores, técnicos ou actores, e a «falta de visibilidade» do trabalho produzido nos órgãos de comunicação social nacional foram algumas das falhas apontadas nesta «primeira reunião», que se prolongou pela noite dentro. Para António Augusto Barros, director artístico d’“A Escola da Noite”, estes são factores muito importantes, visto que é «muito complicado» uma companhia sobreviver fora de Lisboa ou do Porto. «Nos grandes centros, as outras companhias têm outras fontes de financiamento e mais possibilidades de contratação. Aqui, pagamos muito mais que em Lisboa», conta, lembrando as despesas com o alojamento, a alimentação e as deslocações das pessoas contratadas. Problemas que se complicam ainda mais com as poucas verbas destinadas para a cultura. Nesta reunião, consequência da sessão organizada pela Associação Nacional dos Municípios Portugueses com todos os intervenientes culturais e artísticos, a Acta (Faro), a Arte Pública (Beja), Cendrev (Évora), Companhia de Teatro de Braga, a Escola da Noite (Coimbra), Filandorra (Vila Real), Teatro da Rainha (Caldas da Rainha), Teatro do Noroeste (Viana do Castelo), Teatro Regional da Serra do Montemuro (Campo Benfeito) e o Teatro das Beiras, analisaram sobretudo os problemas que afectam a região Centro, embora a discussão venha a ser alargada ao país, «mas especificamente para as companhias fora dos grandes centros», ressalva Graeme Pulleyn, director do Teatro Regional da Serra do Montemuro. O objectivo é «criar um espaço de debate e discussão com o Estado e as instituições que podem colaborar connosco num trabalho que já existe e pede alguma continuidade no desenvolvimento das suas cidades», explica.

É que, acrescenta Fernando Sena, director do Teatro das Beiras, estas companhias são responsáveis por «mais de 30 produções por ano, mais de 1.500 espectáculos por todo o país, o que equivale a 800/1.000 espectadores, sendo também que cada companhia tem entre 10 a 15 pessoas, o que representa cerca de 200 postos de trabalho». Dados que só mostram «o peso destas companhias no movimento teatral português e nas cidades em que se inserem», sublinha. Com esta união, as companhias esperam dar um «contributo» na resolução dos problemas do sector e conseguirem «desenvolver o seu trabalho num quadro de estabilidade», refere o responsável da “Escola da Noite”, onde as autarquias «não deixam de ser um factor importante». Contudo, deste encontro ainda não resultaram propostas concretas para alterar a actual política cultural, mas ficou desde já manifesta a vontade de dar continuidade a esta iniciativa para encontrar uma «plataforma comum» entre todos os intervenientes.

Liliana Correia

Sobre o autor

Leave a Reply