Arquivo

Como?

Depois dos jogos de futebol, as contendas politicas sob a forma de debates são um dos meus passatempos preferidos. Assistir às diversas jogadas, rasteiras e simulações dá um prazer muito comparável a um desafio de futebol. Depois de observar, com a devida atenção, o recente encontro de líderes partidários na RTP1, sobre as eleições de domingo, dou comigo a interpretar os diversos lances do debate. O equilíbrio de forças, que me pareceu vislumbrar quer nas propostas avançadas quer no impacto que as palavras (e os silêncios) possam ter causado nos potenciais votantes foi para mim a nota dominante. Nisto a política portuguesa está cada vez mais parecida com o campeonato de futebol. Não há vencedores antecipados e a luta é cada vez mais renhida. É por isso que me parece absurdo falar-se em maiorias absolutas. É por isso que não se entende a fuga quando se tentam traçar cenários pós-eleitorais. Com a subida dos chamados pequenos partidos, o Bloco vem consolidando posições, o PCP, mesmo com Jerónimo afónico, revela expectativas superiores às do tempo de Carvalhas, e com o PP a dar a ideia de fazer uma das mais inteligentes campanhas, que mais se pode esperar do que o equilíbrio como a nota dominante nos resultados eleitorais de domingo? Dizer que não se quer falar sobre o cenário de não se ter maioria absoluta, como tem afirmado Sócrates, dizendo que isso seria desvalorizar o objectivo principal, é fugir às responsabilidades de definir à partida qual a trajectória futura. Com medo de perder votos ou com medo de enfrentar uma realidade o certo é que desta maneira ficamos sem saber qual irá ser o comportamento do PS na mais que provável repartição dos votos.

Mas mais importante que estas aberrações de não se dizer o que se fará neste ou naquele cenário, e que obriga ao voto no escuro, o grave mesmo, é que se passa a ideia de que o voto de domingo servirá para sancionar politicas que não deram resultados e não para apoiar uma forma de fazer diferente. A mudança de Sócrates é pedida sobretudo na ideia do descrédito do governo de Santana. Pede-se o voto contra e não o voto a favor. Sobre os grandes males que afligem a sociedade portuguesa nada nos é dito com um mínimo de coerência e de credibilidade. Sobre a Educação, sobre a Saúde, sobre a Economia, as palavras são vagas e pouco fundamentadas. Afinal como é que se vai parar o aumento da despesa pública? Como é que se vai criar e incentivar o emprego? Como é que se vai criar riqueza? E já agora, como se vai fazer em relação ao desporto em Portugal?

Por: Fernando Badana

Sobre o autor

Leave a Reply