A Guarda pode ganhar uma ligação direta a Madrid caso se concretize a mudança do percurso do comboio-hotel Lusitânia Expresso, que todas as noites liga Lisboa à capital espanhola com composições nos dois sentidos.
Até agora, este serviço era efetuado pelo Alto Alentejo, mas na semana passada a operadora ferroviária espanhola RENFE anunciou internamente que o trajeto seguirá por Salamanca e pela Linha da Beira Alta a partir de 17 de junho. O INTERIOR solicitou esclarecimentos à CP, nomeadamente se o Lusitânia Expresso vai parar na estação da Guarda, mas o gabinete de comunicação respondeu apenas que «não existe ainda data final definida para a alteração deste serviço. Quando houver informação precisa sobre esta questão e suas implicações, a CP não deixará de a divulgar». Na passada quinta-feira, o diário “Público” dava conta que Portugal e Espanha tinham chegado a acordo sobre esta mudança na última cimeira ibérica, realizada há quinze dias no Porto, mas que o mesmo não foi divulgado para não melindrar as regiões lesadas. De resto, a Junta da Extremadura já contestou a decisão.
O jornal referia ainda que esta opção vai de encontro ao desejo da CP rentabilizar o Lusitânia Expresso, «que dá 4 milhões de euros de prejuízo por ano, suportados a meias pela CP e a RENFE», fazendo-o passar por zonas «onde haverá mais mercado», como Salamanca e Coimbra. Se tal vier a acontecer, 73 quilómetros de ferrovia deixam de ter utilização do lado português, encerrando-se a linha Torre das Vargens Marvão – cujo encerramento está previsto pelo Governo no Plano Estratégico de Transportes. Do outro lado da fronteira encerrará o troço entre Valencia de Alcántara e Cáceres, numa extensão de 97 quilómetros, recentemente modernizado.
O Lusitânia Expresso começou a ligar as duas capitais ibéricas em 1943 e é hoje um comboio de elevada qualidade – o preço dos bilhetes varia dos 60 aos 80 euros por pessoa consoante se pretenda cama em compartimento com casa de banho privativa e duche. A bordo, há ainda um restaurante.
Luis Martins
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