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Comboio turístico é atracção em Belmonte

Veículo é “alugado” por grupos de turistas ou empresas para visitar museus e património do concelho e não circula diariamente

O comboio turístico de Belmonte, que se estreou nas ruas da vila no final do mês de Setembro, não é um equipamento adquirido para gerar lucro, afirma o administrador-executivo da empresa municipal de Belmonte, entidade que gere este novo recurso. Em declarações a O INTERIOR, Vítor Teixeira admitiu que o investimento de 150 mil euros da autarquia na compra do veículo representa apenas uma tentativa de «enriquecer os recursos turísticos já existentes» da vila.

O comboio já cruzou várias ruas, mas ainda tem “destinos” por traçar. A periodicidade de circulação não está definida e talvez nunca venha a estar, porque não se pretende que circule diariamente, mas sim em função do número de reservas que os grupos de turistas fazem junto da empresa municipal. Com uma lotação de 60 lugares, o comboio promete levar turistas aos lugares mais emblemáticos da vila e do concelho: os cinco museus, a antiga judiaria, o castelo e a Torre de Centum Cellas, na freguesia do Colmeal da Torre. No entanto, não há rotas nem percursos definidos, por isso, «os grupos que o “alugam” podem solicitar a passagem por locais específicos», explica Vítor Teixeira. Os roteiros que o comboio pode ou não trilhar suscitam dúvidas desde o início. Antes de chegar a Belmonte, muitos populares questionaram se seria possível o comboio passar nalgumas ruas e se a sua circulação iria dificultar o trânsito local.

O administrador-executivo da Empresa Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social de Belmonte esclarece agora que as ruas mais estreitas não são um obstáculo. «O comboio desce sem problemas a rua [de grande inclinação] do castelo e consegue passar nas ruas estreitas da antiga judiaria», afirma. Contudo, Jorge Amaro, vereador da oposição – eleito pelo PSD, mas actualmente em funções como independente –, alerta precisamente para a «perigosidade» de alguns trajectos, nomeadamente em vias inclinadas onde «as carruagens de trás podem empurrar as da frente». No meio das dúvidas, impõe-se uma certeza: o comboio não pode circular em estradas nacionais. Quanto à definição das suas rotas, talvez o futuro traga maiores certezas. Vítor Teixeira revela que existe a intenção de criar percursos temáticos, como a “rota da gastronomia”, levando os turistas até aos restaurantes típicos, ou a “rota ecológica”, que servirá para mostrar as zonas agrícolas do concelho.

O momento certo

Jorge Amaro votou a favor da aquisição deste equipamento, apesar de questionar se terá sido o momento mais oportuno para investir nesta área. «Votei a favor porque tudo o que seja uma mais-valia em termos turísticos é bom, a única coisa que disse na altura foi que o sentido de oportunidade não é dos melhores», recorda, considerando que há áreas prioritárias que não estão a merecer a «atenção devida» por parte da Câmara. É o caso da vertente social. «Há Instituições Particulares de Solidariedade Social que necessitam de ajuda, porque há um crescendo de famílias do concelho que têm de recorrer ao Banco Alimentar contra a Fome», exemplifica. Quanto às receitas e ao número de viagens já realizadas pelo comboio, Jorge Amaro refere que não dispõe de informação.

Já Vítor Teixeira não adianta dados sobre receitas, esclarecendo que «ainda é cedo para se fazerem estatísticas» uma vez que o comboio circula há pouco tempo e não é um equipamento “solitário”. «Não surge isolado, porque pretende ser um complemento à oferta turística já existente no concelho», sublinha. De acordo com o administrador-executivo da empresa municipal, para alugar o comboio exige-se um mínimo de 20 pessoas e, para os próximos meses, já há 16 viagens programadas. Além disso, semanalmente, há uma viagem aos sábados para trazer até à vila e levar os turistas alojados nos hotéis e na pousada. Por viagem, cada passageiro paga um euro. O comboio começou a circular por Belmonte a 21 de Setembro, quando levou quem quisesse assistir ao programa “Festa das Vindimas”, da RTP, na Quinta dos Termos.

Catarina Pinto Comboio tem uma lotação de 60 lugares e levas os turistas aos museus

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