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Coligação vence no distrito da Guarda mas perde um deputado

Partidos da direita ganharam em 13 dos 14 concelhos, mas coligados perderam 14.488 votos relativamente a 2011, quando PSD e CDS concorreram sozinhos. PS apenas venceu em Manteigas é só recuperou 2.574 votos dos 10.531 perdidos há quatro anos. Bloco de Esquerda capitalizou descontentamento e conseguiu duplicar a sua votação nas últimas legislativas, enquanto a CDU manteve o seu eleitorado.

A coligação “Portugal à Frente” obteve uma vitória com sabor amargo no distrito da Guarda, já que perdeu para o PS um dos três deputados eleitos em 2011. Apesar disso, os socialistas têm poucos motivos para sorrir porque não ganharam e apenas cresceram 2.574 votos comparativamente às eleições de há quatro anos – quando perderam 10.531 eleitores. Quem aproveitou foi o Bloco de Esquerda (BE), que parece ter capitalizado o descontentamento do eleitorado e duplicou a votação conseguida em 2011. Outro facto a ter em conta foi o aumento de 1,56 por cento da abstenção (ver quadros na página 6 e 7).

A noite eleitoral de domingo foi morna e tensa nas sedes das principais forças políticas que foram a votos no círculo da Guarda. A chuva e os resultados resfriaram os ânimos da coligação PSD/CDS, que não conseguiu manter o terceiro deputado, o que ficou confirmado cerca das 22h30. Apuradas as 242 freguesias do círculo da Guarda, os partidos da direita, cuja lista era liderada por Carlos Peixoto, obtiveram 38.964 votos (45,59 por cento), menos 14.488 que a soma dos sufrágios conseguidos separadamente pelo PSD (43.016) e CDS (10.436) em 2011. É certo que o contexto político era outro e que o número de eleitores inscritos também era então diferente (mais 8.934), mas a diferença não deixa de impressionar. Mesmo assim, a “Portugal à Frente” venceu confortavelmente em treze dos catorze concelhos do distrito da Guarda. A exceção foi Manteigas, onde os socialistas ganharam com 40,82 por cento dos votos, mais 5,94 por cento que o principal adversário.

Em contrapartida, os melhores resultados dos partidos da direita registaram-se em Aguiar da Beira (60,57 por cento dos votos) e Pinhel (55 por cento), enquanto na Mêda alcançaram 53,06 por cento e 50,26 por cento em Trancoso. Nestas legislativas o fosso que separa a coligação e o PS reduziu-se e foi de 10.096 eleitores – em 2011 tinha sido de 16.722. Já o desempenho do PS, com Santinho Pacheco como cabeça de lista, foi mitigado. Os socialistas subiram em termos de votação, mas pouco mais que o suficiente (mais 2.574 votos que em 2011) para eleger o segundo deputado perdido há quatro anos. De resto, o desempenho não deve orgulhar o partido, que até perdeu nos sete concelhos onde é poder autárquico (Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Mêda, Seia e Trancoso). O caso de Celorico da Beira, de onde é natural o presidente da Federação e a número três da lista, não deixa de ser sintomático de um certo desfasamento entre o partido e o eleitorado cujo descontentamento não soube capitalizar.

Abstenção cresceu

Anteveem-se dias complicados para a liderança de José Albano Marques, cujas opções na formação da lista foram muito criticadas na Guarda, Seia e Fornos de Algodres. É, por isso, expetável que o presidente da Federação desde 2008 seja agora chamado a prestar contas. E terá sido o Bloco de Esquerda, liderado nestas eleições por Jorge Mendes, antigo militante do PS em Gouveia, o partido que mais aproveitou essa contestação. O BE foi a força política que mais cresceu, em termos de votos, nestas eleições ao conseguir mais 3.239 votos que nas legislativas anteriores, ou seja, mais do dobro – recorde-se que o PS só obteve mais 2.574. Para esse protagonismo muito contribuiu o resultado na sede do distrito, onde a lista bloquista conseguiu 10,23 por cento dos sufrágios (2.337 votos). É um dos melhores resultados do partido desde 2005 na Guarda, que obteve 7.730 votos em 2009.

Já a CDU manteve o seu eleitorado e desta vez ganhou 147 votos relativamente a 2011. Os melhores resultados da coligação que junta o PCP e “Os Verdes” aconteceram em Manteigas (6,49 por cento) e Seia (5,30 por cento), enquanto na Guarda esta força política chegou aos 4,11 por cento. Entre os mais pequenos, o PDR foi o mais votado (1,12 por cento e 958 votos), seguido do PAN (0,85 e 725 votos) e do MRPP (0,81 e 689 votos). A abstenção foi de 47,71 por cento e subiu ligeiramente em relação a 2011 (46,13 por cento). Nestas legislativas houve ainda menos votos brancos (-553) e mais nulos (211) do que há quatro anos.

Luis Martins A noite eleitoral de domingo foi morna e tensa na sede do PSD

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