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Ser de direita ou de esquerda é cada vez menos importante porque a relação direta está com a postura que se emprega na vida. Ser homofóbico em relação aos quartéis parece bizarro? Só porque aceitamos um discurso “de circunstância” em que pessoas supostamente educadas se convertem em peixeiras e arruaceiras fanáticas. A construção da escolha dos militares, vulgo inspeção, foi mandada fazer por Napoleão e tem em questão a relação de muitos homens ou mulheres em espaços comuns. Assim as quotas de inabilitação estavam relacionadas com tudo aquilo que numa camarata ou numa caserna chamasse a atenção, provocasse jocosidade, levasse ao tão famigerado “bullying”. A homossexualidade incluía-se na quota cinco mais pelos maneirismos e o gestual por outra qualquer razão. Não se distingue o homem e as suas opções se se mover como é comum nos homens. De facto, em comportamentos normais, em inspeção física de pessoas nuas, não se lhes reconhecem tendências, não se lhes observam preferências. Mas há homens que são carregados de trejeitos e de gestos afeminados, há homens que se vestem de mulheres e possivelmente há muitos que exageravam estas características aquando das inspeções militares e saíam livres da vida militar com esse truque. Era então uma obrigação para os homens que perfaziam 18 anos. E esta ideia está errada? Aparentemente o discurso contemporâneo europeu vai na direção deste trilho que defende a completa igualdade de géneros e a ausência de fronteiras a qualquer situação que possa supor homofobia. Aqui incluímos o casamento, a adoção, todas as profissões para as minorias. Interessante perceber que este tema pela transversalidade inclui esquerda e direita. Há inúmeros homossexuais que comungam ideias de direita e havia mesmo nas tropas hitlerianas, até ao golpe da “noite das facas longas”, a 30 de junho de 1934, perpetrado pelas SS, um culto do masculino como homossexual. Nada de novo, vinha da cultura guerreira grega, onde a homossexualidade era aparentemente comum e onde a beleza masculina era hipervalorizada. Então o contraditório existe nestas questões. Há uma direita que é apologista do machismo, que defende a homossexualidade, há uma esquerda que é anti machista e se arroga de esclarecida que defende o fim de todos os limites a barreiras sobre homossexualidade. Mas também conhecemos uma esquerda que é homofóbica em inúmeros locais do mundo. A homofobia existe na Coreia do Norte, na Arábia Saudita, na Rússia. Então onde ficamos? Napoleão era contra a possibilidade de distúrbios de caserna como seriam as camaratas mistas, ou amores gay num quarto partilhado. Pretendia ganhar a guerra e tudo o que o fazia duvidar da melhor moral de combate era evitado. Por isso coxos, manetas, cegos, portadores de grandes sinais, alterações congénitas visíveis, eram impedidos de participar do emprego que era a guerra. Pela ligeireza dos discursos envolvidos parece-me que estamos perante muita falta de senso e perante uma nova inquisição das minorias. Hoje, quem for por Napoleão é um bandido. Há uma crucificação das ideias dos outros como se alguns tivessem a verdade na boca e todos os outros fossem ineptos, incultos e de direita. Recuso discursos inflamados e acusadores, mas aceito uma discussão fundamentada em análises de experiência e testemunhos para uma decisão séria e alicerçada que pense as consequências e previna os problemas das decisões. Não pode ser porque a minoria quer, tem de ser porque não causa problema! Não?

Por: Diogo Cabrita

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