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«Colaborar com o núcleo da Guarda da ASP é um ato de cidadania»

Cara a Cara – Francisco Varela

P – Qual o objetivo primordial da Associação Saúde em Português (ASP) na Guarda?

R – A Associação Saúde em Português, Organização Não Governamental (sem fins lucrativos e sem filiações partidárias) pretende promover a integração social e comunitária com vista ao desenvolvimento integral da pessoa humana, respeitando e assegurando os seus direitos e liberdades fundamentais. Para tal, vai desenvolver projetos de cooperação para o desenvolvimento, de ajuda humanitária e de emergência em benefício da população mais carenciada (crianças/ jovens em risco, idosos, presos e pessoas dependentes).

P – Porque decidiu criar este núcleo da associação da Guarda?

R – A minha ligação enquanto associado da Associação Saúde em Português, com sede nacional e internacional em Coimbra, já leva 23 anos. Cumprindo o repto lançado pelo seu presidente, professor Hernâni Caniço, apoiado pela delegação do Centro/Viseu, conhecendo as necessidades do distrito, acreditando no espírito de solidariedade dos egitanienses e após vários contactos locais (pessoas de diversas áreas), entendemos que chegou o momento de lançar as sementes para a criação deste núcleo.

P – Quantos já existem no país?

R – A Guarda é pioneira enquanto núcleo, pois já existem delegações no Norte, Centro e Sul.

P – Quais serão as primeiras iniciativas previstas?

R – Seria um dia de atividades com os idosos. Possivelmente no Sabugal, o concelho de maior índice de envelhecimento do distrito.

P – Como vê o estado da saúde no distrito? Quais as principais lacunas?

R – Constato alguma carência que se acentuou com a crise e com o envelhecimento populacional. A saúde no distrito da Guarda precisa de pontes sólidas entre os diferentes intervenientes (profissionais de saúde, poder central/local, hospitais/hospitais com valências universitárias, centros de saúde, serviços continuados/paliativos, lares, bombeiros, Cruz Vermelha e sociedade civil). É imperativo a conjugação de forças congregadoras orientadas para o bem comum. As principais lacunas prendem-se com os recursos (materiais e humanos) que são poucos, distribuídos de forma heterogénea e nem sempre justa. Isto leva a um excesso de procura, um afunilar exagerado para o serviço de Urgência que acaba por transformar-se no primeiro problema ou na primeira solução para o Sistema Nacional de Saúde.

P – O que acha da eutanásia? Qual a sua posição sobre este tema?

R – Eutanásia, “morte assistida” ou “morte com dignidade” para outros, é um assunto complexo que deve ser tratado com extremo cuidado porque o que está em causa é a vida humana. Deve-se evitar fundamentalismos e promover uma discussão exaustiva e aprofundada. No estrito cumprimento do código deontológico, relativamente ao dever do médico, reiteradamente reafirmado no juramento de Hipócrates, a minha posição é defender a vida humana, respeitando-a e procurando preservá-la e cuidar dela, usando todos os meios disponíveis para aliviar o sofrimento dos doentes.

P – Quem pode colaborar com o núcleo da Guarda?

R – A colaboração com o núcleo é um ato de cidadania. Assim, todos podem colaborar desde os mais novos (campanhas nas próprias escolas), jovens (campanhas nas redes sociais), adultos, estudantes, agricultores (manipulação de fitofármacos, prevenção de incêndios), líderes religiosos, juristas, políticos, jornalistas, taxistas, desportistas, professores, artistas, animadores sociais, bombeiros, GNR, polícia/SEF, pedreiros (catástrofes), eletricistas, carpinteiros, arquitetos, economistas, engenheiros, profissionais de saúde (auxiliares, fisiatras, assistentes sociais, técnicos, enfermeiros, médicos), administrativos, seguranças, condutores, etc.

Perfil:

Coordenador do núcleo da Guarda da Associação Saúde em Português

Profissão: médico na ULS da Guarda/Serviço de Medicina Interna e professor auxiliar da UBI

Idade: 48 anos

Naturalidade: Cabo-Verde

Currículo: Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, especialista em Medicina Interna, pós-graduação em Consentimento Informado pela Faculdade de Direito de Coimbra, doutoramento ruropeu em Medicina pela Universidade de Salamanca, secretário da Associação de Médicos Católicos (AMC) da Guarda, uma missão internacional de voluntariado (Cabo-Verde, 2009).

Livro preferido: “Chuva Braba”, de Manuel Lopes

Filme preferido: “Titanic”

Hobbies: Agricultura, pesca e música

Francisco Varela

Sobre o autor

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