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Coficab, o futuro dos carros começa na Guarda

«Um investimento arrojado e arriscado», é assim que João Cardoso, responsável da Coficab na Guarda, descreve a nova fábrica da multinacional na cidade mais alta onde vão nascer os carros do futuro.

O Coficab – ECAD representa um investimento de 30 milhões de euros e irá criar 130 postos de trabalho numa fase inicial, mas este pode ser um número «conservador», admite desde já João Cardoso, adiantando que «vamos fazer tudo para que sejam 250 ou 300 postos de trabalho».

O anúncio foi feito na passada quinta-feira, na cerimónia de escritura pública de aquisição dos lotes na Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda. Nestes 28 mil metros quadrados vai nascer «algo que hoje em dia ainda não existe», garantiu o diretor-geral da empresa, aludindo ao desenvolvimento do setor das novas tecnologias, eletrificação, conetividade e condução autónoma dos automóveis. Na futura unidade da multinacional na Guarda – já tem uma fábrica em Vale de Estrela, onde está também o centro tecnológico do grupo – serão desenvolvidos cabos para automóveis com a tecnologia 4.0. Trata-se de uma aposta «arrojada» que envolve algum risco, mas que o diretor-geral da Coficab considera «um benefício para a região, pois esse é o futuro do mundo automóvel». As obras deverão arrancar em abril deste ano e, se tudo correr como previsto, em maio de 2019 a unidade deverá começar a laborar.

A multinacional de cablagens para automóveis está hoje em quatro continentes, com 12 fábricas, mas é a unidade guardense que tem dado mais lucros. Segundo João Cardoso, «a Guarda tem sido sempre a fábrica-piloto», pois várias tecnologias aqui desenvolvidas foram posteriormente implementadas noutras fábricas, pelo que está confiante que «esta será mais uma, estamos a arrancar com um projeto que, caso se torne um sucesso, será uma tecnologia que queremos exportar para outras unidades». A Guarda tem sido também o destino de grande parte do investimento da empresa-mãe: «É o local onde o grupo mais investiu em todo o mundo. A Coficab chegou aqui em 1993 e desde 2000 já aplicou 100 milhões de euros», revelou o responsável.

Também Hichem Elloumi, CEO da Coficab, reconhece que «a Guarda é uma porta para o mundo no que toca ao desenvolvimento dos nossos produtos e da nossa tecnologia». O fundador da multinacional tunisina considera mesmo que «grande parte do sucesso» da empresa se deve à unidade guardense. Com o novo investimento a perspetiva é que a faturação venha a aumentar e os mínimos esperados serão «entre os 50 e 70 milhões de euros», mas «num cenário muito otimista poderá ser entre os 100 e 120 milhões de euros», apontou João Cardoso. Um otimismo acompanhado por Álvaro Amaro, que espera que depois deste investimento «outras empresas surjam» na Guarda. Mas para isso o presidente do município lembrou que o Estado português tem trabalho a fazer, o de «incentivar quando há decisões em cima da mesa para trazer empresas para Portugal».

Para o edil, a Coficab é «um bom exemplo para que as empresas e o emprego aumentem nas regiões do interior porque é assim que se desenvolve o país de uma maneira equilibrada».

Projeto da nova unidade é da autoria de João Madalena

O projeto da nova unidade fabril da Coficab também já é conhecido. É da autoria do arquiteto guardense João Cláudio Madalena, que venceu o concurso de ideias promovido pela multinacional.

Segundo ao autor, o projeto resume-se a «dois grandes corpos», um associado à área fabril, de 12 mil metros quadrados e com capacidade para «várias linhas de produção de vários tipo», e um outro, separado da zona produtiva, para pesquisa e desenvolvimento, com um segundo piso que poderá servir de sede. João Cláudio Madalena destaca a «abordagem mais aberta para o exterior, para que o edifício não fique confinado aos limites do próprio lote, dispondo de uma excelente vista panorâmica para a Guarda». A ampliação da fábrica também esteve prevista no caderno de encargos, pelo que a equipa do arquiteto guardense procurou no método construtivo «uma facilidade na ampliação». De resto, o projeto vai também ao encontro das preocupações ambientais, de forma «a reduzir o seu impacto».

Ana Eugénia Inácio Hichem Elloumi e Álvaro Amaro na cerimónia de escritura pública dos terrenos da PLIE

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