Presidente da concelhia local do PS e ex-adjunto do Governador Civil da Guarda foi o único candidato admitido para um lugar de psicopedagogo
Está a causar polémica a contratação de Cláudio Rebelo pela Câmara da Mêda. O antigo adjunto do Governador Civil da Guarda e presidente da concelhia local do PS concorreu a um lugar de psicopedagogo e foi o único candidato admitido. Apesar do socialista ter a licenciatura exigida para a função, há quem veja neste procedimento coincidências a mais.
O assunto tem dominado as conversas na cidade, onde até já foram espalhados panfletos a denunciar o caso no início desta semana. Tudo porque o dirigente e deputado municipal, que se destacou nas últimas autárquicas na candidatura vitoriosa de Armando Carneiro, que derrotou o “dinossauro” social-democrata João Mourato, foi o mais bem classificado neste concurso público lançado em junho para recrutamento de um técnico superior de Psicopedagogia por tempo indeterminado. Ou seja, Cláudio Rebelo, de 36 anos, entra diretamente para o quadro de pessoal do município. O problema é que a situação não agradou a todos na Mêda. Fonte conhecedora do processo, que pediu para não ser identificada, admite que até causou «algum mal-estar» na autarquia, que também vive alguns constrangimentos orçamentais. Além disso, ainda não está esquecido o caso dos 102 funcionários aumentados no ano passado por opção gestionária e alteração de posicionamento remuneratório e que foram obrigados a repor as quantias recebidas entre Janeiro e Junho de 2010.
«Parece que foi feito à medida, pois o júri do concurso até eliminou alguns candidatos por não terem assinado e datado o currículo», acrescenta a mesma fonte, que também diz desconhecer o que vai fazer um psicopedagogo na Câmara da Mêda – apesar do lugar constar no mapa de pessoal da autarquia. «Que se saiba, o município não desenvolve nenhuma função nesta área, mas passará a ter ao que tudo indica», ironiza, considerando mesmo que esta contratação «não fica atrás da do filho de João Mourato há uns anos». Confrontado por O INTERIOR, Cláudio Rebelo começou por dizer que ainda não sabe se «este lugar» é para ele, pois apenas tinha sido notificado da ordenação final provisória do concurso – foi o único candidato admitido, com uma classificação de 15,08 valores, decorrendo ainda o prazo para reclamações. E negou que o procedimento tenha sido feito à sua medida: «Se a Câmara entendeu abrir um concurso nesta área é porque considera que precisa de um técnico superior de Psicopedagogia», acrescentou.
«Estou inibido de concorrer a um concurso público por ter funções políticas?», questionou de seguida, reiterando que tem habilitações para o lugar, logo não vê «qual é o problema». Na sua opinião, a polémica levantada tem a ver com «uma questão política», pelo que promete levar o assunto «até às últimas consequências, doa a quem doer», alegando que o seu «bom nome está a ser posto em causa por comentários anónimos». Além disso, estranha que só este concurso público esteja a causar celeuma quando foram abertos mais três na mesma altura. «Esses lugares foram feitos para quem?», ironizou, escusando-se a adiantar o que faz um psicopedagogo. «Não tenho que dar explicações. A função implica trabalhar com as escolas do concelho», adiantou apenas, referindo que há mais técnicos superiores desta área noutras Câmaras do distrito, nomeadamente na da Guarda.