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Cinema comercial regressa à Guarda

“O Labirinto do Fauno” é o primeiro filme exibido no Cine-Estúdio Oppidana após um ano de interregno

Um ano depois de ter encerrado portas, o Cine-Estúdio Oppidana vai reabrir na quarta-feira após ter sofrido algumas obras de beneficiação. Ao contrário do que sucedeu durante 17 anos, em que a Lusomundo foi responsável pela exibição de cinema comercial na Guarda, desta feita a Câmara entregou a exploração da única sala da cidade à empresa municipal CulturGuarda, que, por sua vez, não estabeleceu qualquer contrato de exclusividade com as distribuidoras.

Doravante, o Oppidana passa a ter uma «gestão independente das grandes distribuidoras», frisa Américo Rodrigues, director da CulturGuarda, reconhecendo que esta opção tem pontos positivos e negativos. Uma das vantagens é que «se pode ir buscar o filme que quisermos à empresa que desejarmos sem estarmos sujeitos a um contrato de exclusividade», salienta. Contudo, essas empresas «fazem primeiro circular os filmes nos seus cinemas e só depois os colocam à disposição de outras salas de carácter independente, como será esta», reconhece. O que significa que não haverá estreias na Guarda. No entanto, este é apenas um «pequeno inconveniente» que poderá ser ultrapassado com a ampla divulgação dos filmes programados. «Vamos tentar ter uma relação contínua com todas as distribuidoras do país», acrescenta, exemplificando com os primeiros dois filmes a exibir na Guarda. O primeiro é “O Labirinto do Fauno”, distribuído pela Lusomundo, e estará no Cine-Estúdio de 11 a 15 deste mês. A seguir há as “Cartas de Iwo Jima”, distribuído pela Columbia Tristar Warner, estando em cartaz de 18 a 22.

De resto, nenhuma distribuidora será excluída, «assim tenham os filmes que acharmos melhor para determinada altura do ano», realça Américo Rodrigues, que promete exibir «o melhor do cinema comercial, mas apostando sempre na diversidade». Uma novidade nesta reabertura serão as matinés destinadas às crianças, «pelo menos uma vez por mês». O primeiro filme a exibir será a versão portuguesa de “A Teia da Carlota” nos dias 28 e 29, pelas 16 horas. Outra alteração de vulto é que só haverá sessões de quarta-feira a domingo. Um cenário que poderá ser alterado no futuro, adianta o também director artístico do Teatro Municipal da Guarda, frisando que tudo depende da afluência do público. Américo Rodrigues sublinha que a CulturGuarda não teve necessidade de contratar mais pessoas para o Oppidana: «Rentabilizámos os meios humanos e técnicos do TMG», adiantando que os quatro funcionários vão trabalhar nos dois espaços. Confirmado está também o facto desta reabertura ser temporária, até que abram os cinemas previstos nos dois centros comerciais anunciados para a cidade.

A esse propósito, Virgílio Bento recorda que a exibição de cinema «não é uma responsabilidade» do município, sendo que a escolha da CulturGuarda para explorar o Oppidana é a «solução mais lógica», uma vez que dispõe dos «recursos humanos e técnicos» necessários. Por outro lado, o vereador com o pelouro da Cultura disse terem sido efectuadas algumas obras de melhoramento e de limpeza que representaram um investimento de cerca de 100 mil euros. «Este espaço estava a precisar de uma “maquilhagem”. Não investindo muito dinheiro, tentámos torná-lo minimamente aceitável, desde a mudança dos tectos do auditório à aplicação de novos painéis, à substituição da tela e à colocação de projectores», entre outros trabalhos. Tudo para que o Cine-Estúdio pudesse assegurar o «mínimo conforto» e, ao mesmo tempo, «todas as condições técnicas para poder haver cinema».

Ricardo Cordeiro

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