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Cinco milhões para criar a Rota das Judiarias

Projeto que germinou na região e ganhou dimensão nacional vai divulgar o património e a presença judaica em 28 municípios portugueses

O Governo vai investir cerca de cinco milhões de euros na criação da Rota das Judiarias, que consiste num percurso geográfico e cultural sobre a presença judaica em Portugal. A génese do projeto teve origem nos municípios da Serra da Estrela.

Segundo a Secretaria de Estado da Cultura, a ideia é realizar um «programa de levantamento, reabilitação, organização e disponibilização do património tangível e intangível relacionado com a componente judaica portuguesa», em parceria com a Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, criada em 2011. Do investimento total, o Estado apenas suportará 15 por cento (cerca de 750 mil euros), sendo o restante financiado pelo Governo da Noruega. Em declarações aos jornalistas, Jorge Barreto Xavier afirmou que a dimensão da rede «vai ser significativa», tendo em conta os 28 municípios que integra, «desde Trás-os-Montes ao Algarve». O secretário de Estado da Cultura sublinhou ainda que o projeto engloba «nove operações diretas ao nível de reconstrução e reabilitação do [património] edificado» e ainda «um conjunto de ações ao nível do imaterial e da documentação».

A Rota das Judiarias está projetada para quatro anos e, acredita o governante, «vai potenciar tanto a nível interno, como da Península [Ibérica] e a nível mais alargado da diáspora da comunidade judaica, um número significativo de turistas». Contudo, Barreto Xavier destacou que a prioridade deste projeto «é o trabalho da produção cultural, do exercício do património, sendo o turismo um resultado». Por sua vez, Jorge Patrão, secretário-geral da associação da Rede de Judiarias de Portugal, declarou que, através deste projeto, se «resgata a nossa memória», divulgando «um património esquecido e que esteve escondido». O antigo presidente da Turismo Serra da Estrela realçou que «10 por cento dos municípios portugueses participam na rede» e que «esta não é a história dos outros, é a de Portugal, e também a do povo judeu mundial».

O distrito da Guarda é o que tem maior número de representantes nesta associação, nomeadamente Guarda, Trancoso, Fornos de Algodres, Sabugal e Vila Nova de Foz Côa. Belmonte, Penamacor, Castelo de Vide, Tomar e Lisboa são outros dos 18 municípios que formam a Rede de Judiarias de Portugal. O projeto da rota é maioritariamente financiada pela Noruega através do programa EEA Grants (mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu, com raízes na Associação Europeia de Comércio Livre – EFTA), que garante 85 por cento do orçamento.

A “Casa do Gato Preto” é um dos ex-libris da judiaria de Trancoso

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