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Cinco homens vítimas de violência doméstica na Guarda

Dados são da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que lançou esta semana uma campanha contra a vergonha em denunciar casos

O número de homens vítimas de violência doméstica aumentou quase 15 por cento entre 2013 e 2015, com mais de 1.200 casos. Mas no distrito da Guarda a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que lançou esta semana uma campanha contra a vergonha em denunciar, apenas identificou cinco casos.

Em Castelo Branco também houve poucas denúncias (6) e em Viseu 16, números que contrastam com as 234 situações de violência doméstica contra homens sinalizadas em Lisboa e as 188 no Porto. Apesar destas diferenças, a APAV considera que estes dados mostram que tem havido uma tendência crescente no número de casos de homens vítimas de violência doméstica que pedem ajuda. À Lusa, Daniel Cotrim, assessor técnico da direção da associação, explicou que a APAV decidiu avançar com esta campanha especialmente direcionada para os homens porque este fenómeno também faz parte da realidade que compõe a violência doméstica. «Sabemos que estatisticamente as mulheres ainda são mais vítimas deste crime do que os homens, mas aquilo que temos vindo a reparar nos nossos números é que entre 2013 e 2015 houve um aumento de quase 15 por cento de denúncias de homens adultos vítimas de violência doméstica junto dos nossos gabinetes de apoio à vítima», adiantou.

As estatísticas da APAV revelam que, em 2013, 395 homens recorreram aos serviços da associação, número que caiu ligeiramente para 393 em 2014 e que chegou aos 452 em 2015. No total, neste triénio 1.240 homens pediram ajuda por terem sido vítimas de violência doméstica. Segundo a associação, são sobretudo os homens mais velhos, com mais de 65 anos, as vítimas, representando 27,6 por cento do total. Já em 56 por cento dos casos denunciados, vítima e agressor têm uma relação conjugal. A APAV refere também que os casos de violência doméstica nos homens são sobretudo situações em que impera a violência psicológica, sendo que em 38,2 por cento dos casos denunciados houve maus tratos psíquicos e em 25 por cento maus tratos físicos, totalizando mais de 60 por cento dos crimes denunciados. Relativamente às características do autor das agressões, os dados da APAV mostram que em 60,8 por cento dos casos são mulheres, com idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (32,2 por cento).

A propósito desta campanha contra a vergonha em denunciar, Daniel Cotrim sublinhou que a lei portuguesa não tem género e não discrimina quem quer denunciar situações de violência doméstica, apoiando tanto homens como mulheres. «É preciso que os homens se libertem deste peso do medo e da vergonha de pedirem ajuda, de terem medo de serem humilhados, de que não acreditem neles junto das autoridades ou das instituições», acrescentou. A campanha está disponível no site da APAV e na página de Facebook da associação.

APAV diz que há cada vez mais homens vítimas de violência doméstica que pedem ajuda

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