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Cidades Digitais

Menos que Zero

A Guarda aderiu à iniciativa Cidades e Regiões Digitais. Embora comece com alguns anos de atraso em relação ao distrito de Castelo Branco, a Guarda tem a oportunidade de transformar este óbice numa vantagem, mas para isso terá de aprender com os erros cometidos no Beira Baixa Digital. Desde logo, definindo objectivos exequíveis para os prazos previamente estabelecidos. No caso do Beira Baixa Digital, iniciado em 2004, o grosso do projecto ainda está por executar e a verba atribuída ao projecto – quase o triplo da verba atribuída à Guarda – dificilmente será aproveitada pela região. Depois, concentrando a acção em apenas dois ou três objectivos, mas cumpri-los.

O Beira Baixa Digital foi organizado em vários sub-projectos: Dinamização Regional, Governo Electrónico Local, Acessibilidades, Infra-estruturas, Animação e Dinamização, Turismo e Comunidades Locais, Investimento e Inovação. Embora esta organização facilitasse o processo de apresentação e apreciação de projectos, faltou uma definição realista dos objectivos do Beira Baixa Digital e dos respectivos momentos de execução pelo que, exceptuando as acessibilidades e as infra-estruturas, tudo ficou aquém das expectativas. Em relação aos conteúdos, aquela que seria a face visível do projecto, existe apenas um site que espelha bem o falhanço do Beira Baixa Digital: uma visita a www.beira-baixa-digital.org/ permite constatar que a página não é actualizada desde 2004, e que até o nome da pessoa de contacto continua a ser o mesmo, apesar de já ter sido nomeado um novo responsável há mais de um ano.

Ao longo de três anos, o Beira Baixa Digital registou avanços e recuos, com os projectos dos parceiros a serem aprovados pela Comissão Técnica, para logo de seguida pararem à espera de uma qualquer autorização. Por isso ninguém ficou surpreendido quando alguns desses parceiros abandonaram a Beiralusa, a entidade promotora da iniciativa. Para trás ficam muitas horas de trabalho perdidas e uns quantos projectos que nunca sairão do papel.

Aos que agora iniciam o projecto Guarda Distrito Digital pede-se que aprendam com os erros do passado. Aos gestores nacionais desta iniciativa exige-se que procurem as razões para o falhanço do Beira Baixa Digital e que sejam consequentes. Aos que se queixam constantemente da falta de apoios e depois deixam fugir estas oportunidades, implora-se que pensem duas vezes antes de criticarem a falta de meios quando não aproveitam aquilo que lhes é colocado à disposição.

Por: João Canavilhas

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