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Cidades destruídas por cataclismos

As recentes catástrofes naturais que provocaram milhares de baixas humanas em vários pontos do globo – a tragédia de Nova Orleães ou o tsunami no sudeste asiático – demonstram como o homem (ainda) é muito vulnerável aos fenómenos naturais extremos. Em pleno século XXI, com toda a alta tecnologia disponível, a Humanidade – pobre ou rica, do 3º ou do 1º mundo – continua quase tão vulnerável como no passado.

A história regista inúmeras tragédias – terramotos e maremotos seguidos de tsunamis, como aconteceu em Lisboa em 1755, explosões vulcânicas, águas diluviais arrastando toneladas de lama e rocha, rebentamento de barragens ou guerras devastadoras como a que levou ao fim de Tróia ou de Cartago. Tragédias descritas nas mais diversas memórias históricas que provocaram o desaparecimento de cidades completas, de vastas áreas marítimas ou fizeram desaparecer ilhas como a célebre Atlântida descrita por Platão há cerca de 2300 anos.

Um dos maiores cataclismos que afectou o império romano teve lugar no século I d.C. quando desapareceu a cidade de Pompeia e a cidade de Herculano sob as torrentes de lava e de nuvens de gases tóxicos expelidos pelo vulcão do Vesúvio. O próprio Plínio, o Velho, que tão bem descreveu os povos da Península Ibérica na sua “História Natural”, pereceu sob os gases deletérios do Vesúvio libertados nesse fatídico ano de 79 d.C. quando investigava o fenómeno vulcânico.

No actual território nacional houve, também, cidades romanas que desapareceram na sequência de catástrofes naturais devastadoras. É o caso da cidade de Ammaia, localizada no nordeste alentejano (actual freguesia de São Salvador de Aramenha, Concelho de Marvão, distrito de Portalegre).

Não obstante ser uma cidade do interior, a capital da civitas Ammaiensis tinha uma dimensão considerável pois estendia-se por uma área de cerca de 20 hectares. Depois de longos séculos soterradas, as suas ruínas começam a emergir à luz do dia e revelam uma magnífica cidade que, como qualquer cidade romana de média dimensão, possuía o seu templo, as termas públicas e uma entrada monumental ladeada por duas torres. A cidade, criada no século I, chegou a ser elevada à categoria de município romano ganhando uma certa preponderância regional.

Mas eis que um cataclismo arrasou a cidade numa data ainda indeterminada. Os arqueólogos têm vindo a descobrir que um volume impressionante de calhaus rolados e lama soterrou a cidade, presumivelmente devido ao rebentamento de uma barragem.

O que terá acontecido aos seus habitantes? Terão conseguido fugir a tempo ou pereceram sob as toneladas de lama e pedra?

Têm-se apontado diversas datas para o funesto acontecimento: alguns arqueólogos apontam para o século II, outros para o século V, outros ainda, para o século IX ou X. Na verdade ainda escasseiam as provas que possam datar com precisão o evento.

Por: Manuel Sabino Perestrelo

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