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Choque de expetativas

Agora Digo Eu

“Esta política está a dar resultados” – afirmação da ministra Swapp na passada semana no Parlamento português. O choque de expetativas apregoado por Passos transforma-se assim num choque de realidade, perfeitamente identificado e sobejamente conhecido, de quem não sabe ou não quer entender que o processo liberalóide do não investimento e da não criação de riqueza está a levar o país para um beco sem saída.

No último fim-de-semana milhares voltaram às ruas para dizer isto mesmo. Para mandar lixar o governo e a troika. Para dizer que este orçamento miserabilista é o pior da história da democracia e que põe em causa o funcionamento de (quase) todas as instituições, continuando a determinar que o pelotão dos desempregados vivam sem perspetiva de vida futura, que os reformados e pensionistas contem os tostões receando pela vida dos filhos e netos, que os casais desempregados, com a vida arruinada, vivam em permanente sobressalto com medo de perderem tudo o que conseguiram construir, que aqueles que mantêm o emprego, vivam com o receio de o perder, contando os cêntimos para não falharem a prestação da casa ou do carro, dando conta de verdadeiras bolsas de fome e de pobreza, visíveis e identificadas, e até aqueles, os que serviram ou servem o Estado são vítimas fáceis em benefício de inúmeros privados que vivem à custa do Estado, neste deserto de pobres e novos pobres, neste oásis de ricos e novos-ricos. Exemplos não faltam: PPP, Swaps, BPN’s, não ficando nada surpreendido com a notícia do fim-de-semana que traz à baila Rendeiros, Vitais, Guichard’s, somando outros tantos, que todos bem conhecemos, atores de grande responsabilidade, que sem qualquer pingo de vergonha ou decoro moral, continuam instalados a mamar e a arredondar a pança à custa deste orçamento miserável para a grande maioria, mas indiscutivelmente interessante para a classe política, para os ricos e novos-ricos.

O poder político aumenta-se, enquanto aos mesmos de sempre baixa salários e pensões, aumenta impostos, de forma perfeitamente arbitrária, tentando demonstrar que esta é a alternativa e, se assim não for, é o caos, assegurando, com toda a certeza, um novo resgate (a que dão vários nomes) sendo seguro, que com estes tiques e repeniques próximos das ditaduras, tentam caçar bruxas, dividem para reinar, sacodem a água do capote e, de forma chica-esperta, encontraram, quase sempre, nesta ou naquela instituição culpados, de quem não sabe conviver com as adversidades próprias do funcionamento do regime democrático, numa visível falta de respeito para com a Constituição, as Instituições e as Leis.

Um governo deve governar para o bem do seu próprio povo. No entanto, este apenas está preocupado com os interesses dos proxenetas da troika, com o intuito de receberem tudo, até ao último tostão, e assim rumarem para outras paragens a fim de prosseguirem a sua ação especulativa. Recorde-se o que é que o FMI fez a inúmeros países da América latina. Colocou-os em autêntica penúria…

Fica assim demonstrado que esta “gestão política” nada tem a ver com o choque de expetativas, é, isso sim, para a enorme maioria, o choque de uma realidade bem cruel, que determina que todas as esperanças fiquem adiadas, pondo sistematicamente em causa a recuperação económica e o futuro de Portugal e dos portugueses. E a pergunta coloca-se: Senhora ministra (que nunca o devia ser) então “esta política está a dar resultados”? Para quem?

Regressando à nossa terra, apenas um breve comentário.

O novel presidente da Câmara tem agora a sublime missão de colocar a Guarda nos píncaros do desenvolvimento, sem esquecer a dupla responsabilidade de ser o homem do leme, ao tentar liderar toda a vasta região serrana, cumprindo o sonho do grande Guardense, General Dr. João de Almeida. Aqui, na cidade mais alta, contra ventos e marés e uma coligação sem qualquer tipo de classificação a nível nacional, por cá, por mérito próprio e demérito do adversário, assumindo os princípios de uma mudança necessária, aqui sim, Passos e Cª, pode falar-se no efetivo e verdadeiro choque de expetativas…

Por: Albino Bárbara

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