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“Chegámos, por fim, ao mercado certo”

Cooperativa de Vila Franca das Naves lança-se no mercado internacional

Nos tempos que correm, tornou-se comum dizer que a crise económica instalada no país está generalizada à maioria dos sectores de produção. No entanto, na Beira Serra, a Cooperativa de Vila Franca das Naves, embora se sinta o peso desta conjuntura menos favorável, tem-se apostado em «alternativas sólidas que permitam trazer alguma estabilidade ao negócio». Quem o garante é Josefina Torres, presidente daquela empresa. Embora ocupe o cargo há sensivelmente três meses, já conseguiu pôr em prática alguns objectivos considerados «primordiais» aquando da tomada de posse. Na altura, pretendia-se, segundo a presidente, «apostar na estabilidade económica da Cooperativa, rentabilizar ao máximo os produtos, gerar harmonia no seio dos colaboradores e sócios e fazer da palavra “progresso” o grande lema da Beira Serra».

Neste sentido, e de forma a contornar as dificuldades, a cooperativa está a apostar além fronteiras. «Há já alguns anos que procurávamos divulgar os nossos vinhos no estrangeiro, mas a verdade é que na maioria dos casos não existia qualquer retorno», conta. Porém, o cenário modificou-se de há uns meses para cá. O “feedback” positivo chegado de países como o Canadá e os Estados Unidos fazem com que Josefina Torres se sinta, para já, «verdadeiramente optimista em relação ao futuro próximo da Cooperativa». Na verdade, o projecto de internacionalização dos vinhos tem tido particular sucesso em Miami e Nova Iorque, de onde já chegaram algumas encomendas. A chave deste sucesso resulta, para a presidente, da formação adequada e do profundo conhecimento da representante da Beira Serra por terras americanas. «A nossa colaboradora é filha de emigrantes e diplomada em direito e relações internacionais, políticas e económicas, factores que constituem claramente uma mais-valia para nós». No final deste mês, estarão concluídas as últimas formalidades que vão permitir estabelecer em definitivo a marca beirã nos Estados Unidos. Josefina Torres acredita, por isso, que a Beira Serra «chegou, por fim, ao mercado certo». Para facilitar ainda mais o negócio, está previsto que 2005 seja um grande ano de vinho. «Os nossos técnicos ainda estão no terreno a avaliar as vinhas dos sócios, mas ao que tudo indica, este ano será excelente em termos de produção», sublinha a presidente. Recorde-se que, ano passado, a empresa recebeu cerca de oito milhões de quilos de uvas, na zona de abrangência da Cooperativa, que conta com 1100 associados. Porém, dadas as condições favoráveis, Josefina Torres acredita que este ano «o volume de produção possa ser maior».

E se o aumento do IVA constitui um entrave natural ao escoamento dos produtos, também neste âmbito foi implementada uma nova estratégia na Cooperativa. «Optámos por não inflaccionar os nossos produtos», garante Josefina Torres. Assim, a presidente sente-se «confiante», acrescentando que a Beira Serra «tem todas as condições para progredir». “Altitude”, “João Tição” e “Maria Moura” constituem a prata da casa desta Cooperativa de Vila Franca das Naves em matéria de vinhos. «Queremos apostar em produtos de qualidade como estes», conclui a responsável.

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