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CHCB produz 95 por cento das plaquetas que necessita

Novo método de recolha de sangue tem tido um «rendimento óptimo»

Há um ano que o serviço de Imunohemoterapia do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) tem a funcionar uma nova técnica de recolha de sangue com o intuito de conseguir uma «maior autonomia de plaquetas», uma componente do sangue. Passado este tempo de utilização da nova máquina, Jorge Martinez, director do serviço, está «muito satisfeito» com o facto de 90 a 95 por cento das plaquetas necessárias para os hospitais do Fundão e Pêro da Covilhã já serem produzidas internamente.

A técnica, utilizada nalguns hospitais do país, começou a ser implementada na Covilhã em 2004, facilitando a produção de plaquetas que até aí vinham de Coimbra. O objectivo deste método – a aférese de plaquetas – é obter um número maior de plaquetas precisando de menos dadores, ou seja, «ter plaquetas suficientes para todos os doentes do CHCB», explica o médico espanhol, neste hospital há três anos. Com esta técnica de recolha de produtos hemoderivados, o Serviço de Sangue do CHCB pode obter uma «grande quantidade de plaquetas com um só dador», enquanto que no sistema tradicional são necessários sete dadores para fornecerem plaquetas para um só doente. Esta máquina pode também ser programada para separar ou os glóbulos vermelhos ou o plasma ou as plaquetas, mas neste momento, a nível de dádiva, está direccionada para a recolha selectiva destas, para «aumentar a nosso stock, já que só têm cinco dias de utilização». Relativamente a uma dádiva tradicional, o serviço consegue hoje em cada dador oito a dez vezes mais concentração de plaquetas do que anteriormente. Além disso, esta máquina permite ainda retirar apenas 200 mililitros de sangue, ao invés dos 450 do sistema tradicional, que continua a ser usado como sistema principal de dádiva de sangue para obter sobretudo os glóbulos vermelhos.

40 a 50 dadores habituais

Jorge Martinez garante que a máquina «nunca» está em contacto com o sangue, já que a recolha é feita com um kit específico estéril e para um único dador. «O sangue é retirado do corpo, são extraídas e separadas as plaquetas no sistema de plaquetaférese e volta a entrar no corpo do dador», sublinha, esclarecendo que só «cerca de 200 mililitros de sangue» estão fora do corpo. Apesar de parecer complicado, o processo é simples. O dador está ligado à máquina através dos dois braços. Um serve para retirar o sangue, o outro para o voltar a receber. O sangue extraído entra na máquina e passa por um sistema de centrifugação que separa as componentes, conforme programação prévia. Neste caso, as plaquetas ficam num saco estéril, para seguirem para o laboratório, o sangue restante regressa ao corpo do dador. Esta colheita é realizada quatro vezes por semana para responder às necessidades «reais» dos dois hospitais no que respeita aos doentes do foro oncológico, hematológico e cirúrgico. As quatro aféreses semanais (ou cinco, dependendo das necessidades) são programadas – duas à segunda-feira e outras duas à quarta -, não só porque é necessário ter um enfermeiro especializado, mas também avisar os dadores com antecedência.

O Serviço de Sangue dispõe de 40/50 dadores habituais contactados sempre que é necessário. «Mas gostaríamos de ter mais gente para não serem convocados sempre os mesmos tantas vezes por ano», indica Jorge Martinez, elogiando o apoio do grupo de dadores da Covilhã. «Temos tido um rendimento óptimo e cumprimos as regras de qualidade do Conselho de Europa», prossegue, salientando que o mais importante é ter um stock de plaquetas no hospital «para não precisarmos de nos deslocarmos com urgência a Coimbra». Os interessados em dar sangue no sistema tradicional (o mais utilizado) pode fazê-lo todas as primeiras e terceiras quintas-feiras do mês, entre as 09h30-12h30 e as 14h30-16h30.

Rita Lopes

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