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Centro Hospitalar da Cova da Beira fez-se «com as pessoas»

Melhorias significativas ao nível dos equipamentos e instalações foram as principais mudanças nos dez anos da unidade

«Nestes dez anos mudou muita coisa. Passámos de uma estrutura arcaica para um hospital moderno e com capacidade para tratar as doenças de hoje, com a tecnologia que existe actualmente». É desta forma que o presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) faz o balanço de 10 anos de existência.

A unidade comemorou na segunda-feira o seu décimo aniversário. Juntando o Hospital Pêro da Covilhã e o Hospital do Fundão, o Centro Hospitalar foi inaugurado em Janeiro de 2000 e desde então muitas foram as mudanças. João Casteleiro sublinha que, para além das melhorias nas instalações e nos equipamentos, o CHCB «teve uma capacidade de atracção de profissionais que não tem nada a ver com o que era antigamente, tendo o número de médicos praticamente triplicado». Sem «falsas modéstias», o médico lembra ainda que «a Escola Nacional de Saúde Pública costuma fazer um ranking, onde ficamos sempre no quadro de honra dessa avaliação. Não é por isso que vamos embandeirar em arco, mas ficaríamos mais tristes se estivéssemos em último. Agora, estar entre os primeiros e ombrear com os melhores hospitais do país é sempre gratificante», sublinha. Em 2005, o CHCB foi quarto no Ranking Nacional dos Hospitais Públicos, sexto em 2007 (ano em que foi considerada a terceira melhor unidade hospitalar no tratamento de doenças pediátricas e pneumológicas); um ano depois alcançou o quarto lugar geral, tendo sido considerado o segundo melhor para o tratamento de doenças urológicas.

Questionado acerca dos principais trunfos do Centro Hospitalar, João Casteleiro não hesita: «A principal mais-valia são as pessoas. Ajuda ter bons equipamentos e boas instalações, mas nada funciona sem as pessoas», garante. O presidente do CA acrescenta, a esse propósito, que «há uma cultura – já herdada do antigo hospital – de relacionamento e de solidariedade, em que nos identificamos perfeitamente com a instituição e com a população». A prova disso está nos inquéritos preenchidos pelos utentes aquando da alta médica, cujo grau de satisfação «ronda sempre os 90 a 95 por cento». Quanto aos números, as diferenças entre os anos de 1999 e 2009 são esclarecedoras. Foram feitos 9.465 internamentos na antiga unidade hospitalar, para 12.994 na nova; ao nível das consultas externas, o número aumentou de 51.150 para 154.863. 160 é o número de médicos de que dispõe o CHCB actualmente, contra os 70 de há dez anos. Já as camas passaram de 328 para 342.

Faculdade de Medicina ali ao lado

Apesar destes indicadores positivos, a falta de profissionais em determinadas áreas, como Oftalmologia, Otorrinolaringologia ou Urologia, é uma realidade com a qual a unidade hospitalar convive. Para João Casteleiro, «trata-se de um problema global dos hospitais do interior, são especialidades que habitualmente têm menor número de profissionais». O médico destaca, no entanto, que «o hospital vale pelo seu todo» e não considera imperativo a existência de uma «especialidade de ponta, tem é que satisfazer as necessidades da população, tendo em conta as patologias mais prevalecentes nesta região», sublinha. A Faculdade de Medicina, ali bem ao lado, tem sido outro dos factores do desenvolvimento do CHCB, bem como dos restantes hospitais da região. «É uma mais-valia para todos. Tem beneficiado os profissionais que estão cá, que têm participado no ensino e isso também lhes desenvolve capacidades e melhora as suas performances», considera João Casteleiro. Em relação ao futuro, o presidente do CA defende que a aposta passa por uma «melhoria da qualidade, mas principalmente pela humanização. É muito importante a forma como os profissionais tratam os doentes, sendo também uma forma de cativar os próprios profissionais, porque temos uma forma muito mais solidária de tratar os doentes», defende.

«Centro Hospitalar da Beira Interior seria altamente negativo em termos sociais»

A possibilidade dos hospitais da Guarda, Castelo Branco, Covilhã e Fundão se juntarem no Centro Hospitalar da Beira Interior, uma hipótese levantada em 2006, não é, para João Casteleiro, uma «mais-valia» para a região.

«Temos que atender que a distância entre o limite dos dois distritos [Guarda e Castelo Branco] é de cerca de 300 quilómetros. É muito difícil dizer a uma pessoa de Vila Nova de Foz Côa que teria que ir a Castelo Branco por causa de uma especialidade qualquer, ou dizer a alguém da Sertã que tinha que ir à Guarda», justifica. Por isso, esta opção seria «altamente negativa em termos sociais», já que os hospitais são «das maiores empresas que tem o interior, pelo que tem que se ter muito cuidado quando se tomam resoluções a este nível», refere. João Casteleiro afirma ainda que este tipo de medidas tomam-se «para concentrar os recursos, mas também para diminuir os orçamentos», sendo que «tudo o que é diminuição de orçamentos nos hospitais do interior é desinvestir e contribuir para a sua desertificação», admite. «O importante é que cada hospital consiga ser uma mais-valia e que haja uma articulação entre todos naturalmente. Não é preciso estar constituído formalmente um Centro Hospitalar para que as pessoas colaborem umas com as outras», garante o presidente do CA do Centro Hospitalar da Cova da Beira.

Rafael Mangana Proximidade entre profissionais e utentes é a principal mais-valia da unidade

Centro Hospitalar da Cova da Beira fez-se
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