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Centro de Interpretação da Torre quase pronto

Projecto do PNSE vai estar ligado ao património natural e, em especial, à reserva biogenética

Os turistas e amantes da Serra da Estrela vão passar a dispor, a partir deste Verão, de um centro de interpretação sobre a maior área protegida do país e dos seus habitats prioritários. Desenvolvido pelo parque natural, o projecto ficará instalado na Torre e está praticamente concluído, prevendo-se o fim dos trabalhos em «meados de Julho», adianta Fernando Matos, director do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE). Este centro, ligado ao património natural e, em especial, à reserva biogenética, pretende ser um pólo privilegiado para ajudar os visitantes a compreender a Serra, oferecendo-lhes simultaneamente uma explicação sobre as suas características naturais e culturais no planalto central. Aqui, os turistas poderão obter esclarecimentos sobre o maciço e conhecer em pormenor toda a zona abrangida pelo parque, com mais de 101 mil hectares. Uma zona considerada de interesse elevado face à diversidade de espécies de flora e fauna existentes e cujo valor foi reconhecido pela atribuição do estatuto de Reserva Biogenética pelo Conselho da Europa em 1993. «Os turistas poderão interpretar a Serra da Estrela não só em termos geológicos, mas saberem também porque é que temos a Serra desta forma e a que se deveu esta acção, para além dos efeitos da actuação do homem», explica Fernando Matos. Além disso, o Centro de Interpretação irá ainda informar os turistas sobre os cuidados a ter com os habitats considerados prioritários.

É o caso dos Cervunais, «estação herbática dominante na Serra da Estrela» e considerada «única no mundo», exemplifica. Estes podem ser apreciados na Nave de Santo António, no Covão do Boi, nos Vale do Conde e de Loriga ou junto de lagoas. Outro exemplo de habitat prioritário são os teixos. Uma área que ficou bastante devastada com o incêndio no Vale do Zêzere do ano passado, mas que «importa regenerar», salienta. O centro irá ainda debruçar-se sobre o património histórico-cultural de forma a documentar e perceber a história da presença humana na região. Exemplo disso é a janela que o espaço já possui no seu interior, considerada de grande valor arquitectónico pelos materiais que usa. Tudo será explicado numa exposição, «já feita», havendo também a possibilidade de ali desenvolver seminários, visto que a estrutura contempla também um auditório com cerca de 70 lugares.

Por definir está o seu funcionamento, mas a ideia é que também fique aberto durante os fins-de-semana, talvez com o apoio da RTSE através da criação de um posto de turismo. O PNSE engloba as principais nascentes hidrográficas de Portugal (como o Mondego, Zêzere e Alva), os principais vestígios dos antigos glaciares (os vales em U, as lagoas, os blocos graníticos e os covões) e o ponto mais alto do continente, a quase dois mil metros de altitude.

Liliana Correia

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