Arquivo

Centenas de crianças “reciclaram” jogos tradicionais na Guarda

O ano letivo dos jardins de infância e escolas do primeiro ciclo do Agrupamento Afonso de Albuquerque acabou numa grande festa no parque municipal

Centenas de crianças da Guarda recordaram, na passada sexta-feira, como se brincava antigamente e descobriram que alguns dos jogos tradicionais atualmente esquecidos também são divertidos. A iniciativa “Reciclar as Tradições” tomou conta do parque municipal da cidade, onde os alunos do primeiro ciclo e jardins de infância do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque festejaram o último dia do ano letivo de uma forma diferente.

Durante todo o dia, cerca de 900 crianças, docentes e pessoal auxiliar destes estabelecimentos de ensino praticaram salto à corda, luta de tração com corda ou humana, jogos do barril, do sapo, do burro, das andas e bilhar holandês, sem esquecer a macaca ou o lançamento do pião. A atividade incluiu ainda um atelier de pintura destes objetos e culminou com o jogo da cadeacho. Como não podia deixar de ser, nesta festa também houve espaço para um pezinho de dança ao som do rancho folclórico da Guarda. Vestidos a rigor, os mais pequenos subiram ao palco para mostrar os seus dotes nas dançar tradicionais. Mas nem a todos correu bem. «Correu-nos muito mal porque tivemos poucos ensaios e éramos muitos no palco», queixou-se Sofia Portela, da escola básica do Bonfim, na cidade. Percalços à parte, foram os jogos tradicionais que encheram as medidas destes jovens. Do pião ao jogo do burro, passando pelas andas e pelo jogo do paraquedas, a opinião foi unânime: «São jogos muito divertidos», sintetizou João Roque, também da escola do Bonfim.

Mas não foram só os mais pequenos que vibraram com esta atividade. Alguns adultos aproveitaram para recordar as suas brincadeiras do passado, como foi o caso do presidente da Comissão Administrativa Provisória (CAP) do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, que organizou esta jornada com a Associação de Jogos Tradicionais da Guarda (AJTG). Afirmando que ainda é «daquela geração que fazia os seus próprios brinquedos», Adalberto Carvalho recorda-se, por exemplo, do jogo do arco, do prego e de um outro com pneus e água. «Era assim que brincávamos e estes miúdos não sabem isso muito bem, a geração dos seus pais já não é como a minha e ou somos nós a mostrar-lhes como os avós brincavam ou eles não têm essa noção e é engraçado ver como eles se divertem», afirmou. De resto, o professor de Educação Física disse acreditar que alguns dos jogos “reciclados” no parque municipal vão ficar na memória dos alunos, até porque no ano passado, «depois da atividade do pião na Praça Velha, vi muitos garotos a lançar o pião na Guarda.

O mesmo pensa Norberto Gonçalves, presidente da direção da AJTG, para quem este desafio foi ganho ao ver «estas crianças a pular, a saltar, a dançar, a gritar e nestas idades é fundamental, na formação do caráter, que tenham dias como estes porque lhes ficam na memória». O dirigente referiu ainda que o “Reciclar as Tradições” culminou «toda uma série de atividades que foram desenvolvidas nas escolas do 1º ciclo e nos jardins de infância do Agrupamento Afonso de Albuquerque durante o ano». Já a componente do folclore permitiu «associar a festa ao jogo», que ficou bem patente no cadeacho. «É simultaneamente um jogo e uma dança em que os participantes têm que entrelaçar fitas de duas cores diferentes. O cadeacho não se fazia na Guarda há muito tempo, seguramente há 20 anos», garantiu Norberto Gonçalves. O “Reciclar as Tradições” teve o apoio da Câmara da Guarda e do Centro Cultural.

Luis Martins Alunos mostraram as suas habilidades nos jogos e nas danças tradicionais

Sobre o autor

Leave a Reply