Ainda não foram apuradas as causas do incêndio numa habitação do centro da freguesia de Maçaínhas, no concelho de Belmonte, que na manhã de sexta-feira da semana passada provocou três vítimas mortais, um homem de 54 anos e duas primas adolescentes, de 15 e 13 anos. Também a hipótese de rebentamento de uma botija de gás, levantada por alguns populares, não se confirmou.
O inspetor-chefe do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária da Guarda, Miranda Monteiro, adiantou a O INTERIOR na tarde da última terça-feira que a casa onde ocorreu o fogo «já foi objeto de exame por parte dos peritos do Laboratório de Polícia Científica e até ao momento não estão apuradas as causas do incêndio». A mesma fonte indica que «não houve qualquer rebentamento de botija de gás» e que essa hipótese «foi desde logo afastada aquando da nossa presença no local, no dia em que ocorreu aquele incêndio». As vítimas pertenciam todas a uma família de emigrantes em França que estava a passar férias em Portugal há cerca de uma semana, sendo que as duas jovens, Ludovine Garcia e Laura Martins, eram primas e a vítima mais velha, Claudius Basso-Bert, um polícia de nacionalidade francesa, era o padrasto da primeira adolescente. As duas jovens estariam a dormir no segundo piso do número 19 da Rua da Fonte quando o fogo começou, tendo os corpos sido encontrados carbonizados no quarto. Por seu turno, o homem ainda foi visto a pedir socorro no terceiro e último piso da casa, mas terá ficado encurralado pelas chamas e pelo fumo. Um dos moradores que deu pelo fogo reside a cerca de 50 metros da casa incendiada revela que, acompanhado por um vizinho, viu o fumo a sair e inicialmente até pensaram que seria proveniente de um «exaustor ou esquentador» mas depois aperceberam-se que se tratava de um incêndio. Foi então que José Monteiro e Manuel Birra se aperceberam de «um rapazito dos seus 13 ou 14 anos aos pulos, todo aflito a deitar as mãos à cabeça e depois olhámos para cima e vimos um senhor também a pedir socorro».
José Monteiro revela que o fumo começou a aumentar e que o homem «de vez em quando vinha à janela, depois ia para dentro porque tinha lá as familiares e apareceu várias vezes à janela, devia ser a pedir socorro ou para se deitar abaixo. Até ainda lá apareceu com um lençol, mas depois deixámos de o ver, tornou a ir para dentro e deixámos mesmo de o ver». Este residente ainda viu chamas e depois de irem ligar para os Bombeiros de Belmonte, quando regressaram ao local do incêndio, «já não vimos ninguém» e «já só aqui andava o rapaz aos pulos e deixámos de ver o outro senhor». José Monteiro garante que os bombeiros «nem demoraram muito a vir», revelando que depois começaram a sair «muitos fumos» e que ainda rebentou, juntamente com o seu vizinho, a persiana do primeiro andar com recurso a um arranca-pregos e uma ripa. Só que «depois o fumo já era muito, já parecia de pneu e já não se podia aqui estar e então as chamas começaram a sair pelas janelas e pelas portas, atravessavam aqui a rua e já não deu para fazer nada», lamenta o morador. Os corpos foram transportados para Roanne, França, terra natal das três vítimas, para lá serem sepultados.
Ricardo Cordeiro