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Catastrófico

Análise de um enquadramento moribundo é este exercício. Olho com pena para o investimento imponente do Vivaci e o desespero daqueles que acreditando foram incorporando os sonhos que vendia a promoção.

Oportunidade, confiança e credibilidade como pilares do negócio. Uma loja, uma renda, uma venda e um lugar óbvio para quem vive numa cidade fria. Assim se deslocaria a centralidade da cidade para o Vivaci. Tudo certo menos a ausência de emprego, a falência generalizada das grandes firmas da Guarda, a descapitalização das Instituições públicas como a Câmara e o Hospital, o cancelamento das obras, a insolvência das famílias, a diminuição das margens de ganho a milhares de funcionários públicos e a donos de pequenos negócios. O exemplo major está nas Farmácias que de um negócio luxuriante e até extravagante passou a ser um negócio financeiro a que se deve olhar com intenso cuidado à faturação e prazos de pagamento. Outro exemplo são os restaurantes e como ícone de empresas de serviço o Hotel Turismo – fechado!

A população vai perdendo emprego primeiro, depois o subsídio de desemprego, depois vê a indemnização volatilizar-se e chegam os dias amargos de 2013. Famílias têm de se reagrupar, casas têm de servir para as várias gerações e a mesa enche-se de comensais. No Vivaci de inverno passeiam as pessoas sem sacos e sem compras. Olham absortas cruzando as ruas onde não chove, onde há menos lojas e onde os donos têm de fazer face aos encargos financeiros sem as remessas de negócio sonhadas. Uma Guarda de onde se sai para buscar emprego e onde permanecem as casas vazias a exigir IMI cada dia mais alto. O compromisso financeiro com as entidades não esmorece, a exigência de prazos não abranda, mas aquele lojista vende menos 12% ontem e agora em 2013 pode chegar a 22% menos. Sustentável? A catástrofe calcorreia as estradas em direção de uma forma de viver que aparentemente morreu. Se fechar o Vivaci não fecha a Guarda de 2012, mas há um peso na alma, há uma cidade que perde dois dentes da frente e tem vergonha de sorrir.

Por: Diogo Cabrita

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