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Cartão multiusos controla alunos na Escola Básica 2,3 de São Miguel

Pais já podem seguir todos os passos dos filhos: a que horas entram na escola, se faltaram às aulas e que parte da matéria estão a aprender

Nas escolas do futuro, os alunos podem fazer matrículas, copiar horários, consultar pautas, controlar faltas, adquirir senhas de refeição e solicitar diplomas ou outros documentos através da Internet. E os encarregados de educação podem consultar os sumários electrónicos de cada lição para conhecer as matérias de estudo dos filhos, enviar comentários por correio electrónico ou consultar as actas das reuniões de pais. Mas esta já é uma realidade do presente em algumas escolas do país e na Guarda, onde a Escola Básica 2,3 de São Miguel é a pioneira.

O novo cartão magnético já deu os primeiros passos experimentais no ano passado, mas é este ano lectivo que o sistema vai ser implementado, se bem que «ainda não vai funcionar a cem por cento», esclarece o presidente do Conselho Directivo, que solicitou para não ser identificado. Através deste cartão electrónico multiusos controlam-se as entradas e saídas da escola, mas também serve de “porta-moedas”, uma vez que com ele podem ser efectuados os pagamentos do bar e da papelaria, evitando assim que os alunos andem com dinheiro na carteira ou nos bolsos. O serviço do refeitório ficará abrangido numa segunda fase. Estes cartões de identificação são obrigatórios a toda a comunidade escolar, desde alunos, a docentes e funcionários, sendo assim mais fácil “controlar” toda a gente. Também os pais ou encarregados de educação, desde que tenham acesso à Internet, podem saber a que horas o aluno chegou à escola e quando saiu, passando com este sistema a ser possível seguir quase todos os seus passos na escola. Até mesmo saber em que parte da matéria o aluno se encontra, uma vez que os velhos livros de ponto vão ser substituídos por sumários electrónicos. Ou mesmo pedir um diploma ou uma certidão, debitado automaticamente no cartão do aluno.

Sistema muito dispendioso

Por enquanto, o sistema do cartão multiusos vai ser apenas implementado «nos quintos e, possivelmente, nos sextos anos de escolaridade, ainda não há certezas», adianta o professor. No entanto, a experiência começou no ano passado, considerado «o ano zero» do projecto, embora só tenha sido introduzida no final do ano lectivo, tendo sido testado inicialmente apenas no portão da escola. «Mas foram detectadas algumas anomalias», recorda o presidente do Conselho Directivo, que a empresa responsável prometeu resolver no princípio de Setembro com a instalação de uma nova versão «devidamente corrigida». Os cartões estão identificados com a fotografia do utente e da escola e, à semelhança do cartão Multibanco, são carregados com dinheiro, tarefa efectuada na tesouraria da escola. O presidente do Conselho Directivo conta que já aconteceu alguém ter perdido ou extraviado o cartão, mas como não pode ser utilizado noutro sítio acaba sempre por ser devolvido. No ano transacto havia cerca de 750 cartões na escola de S. Miguel, número que o responsável estima este ano ser idêntico ou mesmo superior, sendo que tem um custo imputável ao próprio utente. «Cada um paga o seu», avisa.

Todo este mecanismo está a ser instalado «gradualmente», explica o professor, uma vez que tem de ser adequado à receptividade dos utilizadores: «Para os alunos, a adaptação é rápida. Já a pouca formação dos funcionários nesta área é que pode, por vezes, provocar alguns embaraços», refere. Como visitou outras escolas do país onde este sistema já foi introduzido, apercebeu-se de alguns dos problemas que esta nova tecnologia acarreta, nomeadamente ao nível dos programas. Como na maioria dos casos eram instalados “softwares” diferentes havia quase sempre «incompatibilidades», mas este problema já ultrapassado na escola da Guarda, pois os “softwares” instalados são compatíveis tanto na parte administrativa, como nos restantes sistemas informáticos. Outro dos inconvenientes reside no facto de ser «muito dispendioso» e «não haver ajudas financeiras» para a sua implementação por parte do Ministério ou de outras entidades. Exemplificando: cada sala deverá ter um computador e um monitor, mas como a escola está espalhada por cinco blocos, «fica caro e moroso levar a Internet a todos os pavilhões», sublinha o responsável, acrescentando ainda a dificuldade em instalar o sistema.

O bloco 2 vai ser contemplado já este ano lectivo com Internet através de fibra óptica, mas só esta intervenção custou «cerca de cinco mil euros». Se fosse numa escola construída na vertical, por andares, «seria mais fácil», constata. O sistema ganha visibilidade no estabelecimento de ensino com o chamado “quiosque”, uma “caixa” amarela com um monitor e teclado onde se passa o cartão e se adquirem as senhas para a papelaria ou bar, diminuindo as filas únicas. Uma destas máquinas está instalada no salão polivalente, tendo custado «cerca de 7.500 euros», adianta. O cartão multiusos já não é novidade no distrito, uma vez que já vigora em Fornos de Algodres e Seia, enquanto outras escolas da Guarda também manifestaram vontade em implementá-lo.

Patrícia Correia

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