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Carta aberta

Nos últimos anos tem havido em Portugal situações de verdadeiros Verões infernais nas florestas, nas matas, ou simplesmente à beira das estradas, onde só predominam ervas daninhas. Mas nem essas escapam ao cigarro acesso que se atira pela janela para não sujar o cinzeiro do carro, ou porque já está demasiado cheio?! A ignorância de alguns ou mesmo a demência de outros, leva a que, por alguns trocos, se provoquem fogos de dimensões demasiadas… Mas, perante o quadro de um Portugal ardido, completamente queimado, não tenho visto a prometida e necessária reflorestação aqui no interior nem no litoral.

Mas tudo isto é só para, tristemente, fazer um reparo ou talvez para mostrar a minha indignação. Na semana passada assisti ao abate de várias árvores centenárias plantadas à beira da estrada que liga Vila Francas das Naves a Pinhel (mesmo à saída de Vila Franca). Como é possível que, num mundo cada vez mais perigosamente desarborizado, se cortem árvores de forma tão irresponsável? Quantos anos tinham? Quanta sombra proporcionaram? Que beleza e grandeza mostravam? Agora já ninguém sabe e depressa se vai esquecer porque… a estrada era estreita. Tinha que ser alargada. Eu compreendo e aceito, obviamente. As estradas precisam de ser adaptadas às velocidades que os veículos permitem (apesar das restrições serem cada vez maiores e as multas mais pesadas), mas a estrada podia ser alargada apenas para um lado, não era necessário alargá-la para os dois e, consequentemente, cortar as árvores de ambos os lados.

Porquê esta agressividade contra a Natureza que nos dá o que mais necessitamos? Sim! Alguém é capaz de afirmar que passa bem sem ar e prefere a estrada alargada? Até porque há outras soluções para a construção de uma estrada. Por exemplo, podia ser construído um troço paralelo apenas naquela zona (50 metros). Porém, para o abate indiscriminado de árvores centenárias não há solução! Mesmo que plantem outras (o que eu duvido), quem de nós viverá o suficiente para as ver com a pujança daquelas que hoje jazem no chão? Isto é uma atitude criminosa. Os crimes pagam-se caro. Este será pago por todos nós. Com a saúde ou, infelizmente, com a falta dela.

Maria Helena Carvalheiro Seabra, Guarda

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