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Capitães de Navio

Uma das apostas mais indecentes que conheço é a dádiva a um amigo de privilégios extremos. E é má porque nada extremo se deve dar a um só e nenhum amigo deve receber mais do que o indicado. Uma capitão de navio recebe uma embarcação enorme de um armador e de uma companhia, carrega a confiança, transporta a credibilidade e esbanja-a numa manobra infeliz, ou num momento de distração. Afunda-se.

Negligenciar a confiança é um crime enorme que muitas pessoas não percebem. Pode ser assim a mulher a dias que vai deixando de limpar isto aquilo e mais outro e outro detalhe. Pode ser a enfermeira que dez anos depois de estar num bloco cirúrgico não conhece os objetos, não sabe instrumentar. Pode ser um juiz que não chama testemunhos relevantes, ou não lê os textos. Capitanear um navio carregado de gente é seguramente uma enorme responsabilidade e deve ser entregue a alguém de confiança. Triste seria percebermos que a confiança foi abusada e não retiramos a dádiva. Triste é a persistência num erro de escolha. Dramático é gastar a oportunidade com quem nos deixa sistematicamente mal. Desesperante é o Domingos Paciência acreditar nalguns jogadores do Sporting. Estamos rodeados de capitães de navio no poder local, na fiscalização, na defesa do consumidor. São cabos de esquadra, são desprovidos que insistem em lugares importantes onde fazem a diferença pela incapacidade. Encalham, perdem, destroem.

Por: Diogo Cabrita

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