O acesso à Cultura e ao Conhecimento são fatores essenciais das sociedades desenvolvidas e condições indispensáveis ao exercício de uma cidadania mais exigente, crítica e responsável. Só por estas razões devem ser objetivos assumidos claramente e prosseguidos por todos os titulares de cargos públicos e, em especial, pelos políticos.
A iniciativa Capital Europeia da Cultura da Cultura é, antes de mais, uma iniciativa cultural mas com repercussões transversais em muitas áreas da qualidade de vida. Só por isso justificaria o interesse daqueles que acreditam –como nós na Guarda acreditamos – que o verdadeiro desenvolvimento territorial só se alcança se formos capazes de assegurar o acesso à Cultura à comunidade que servimos.
A Câmara Municipal da Guarda assume estes objetivos e, nesse sentido, tem vindo a desenvolver uma estratégia e a promover e realizar um conjunto de atividades que, de forma sustentada, coerente e adequada aos recursos disponíveis, visam, essencialmente, criar melhores condições de acesso e fruição às atividades de criação artística e cultural a todos os que residem, estudam e trabalham na Guarda, sem esquecer os que nos visitam.
Nesse contexto, vem promovendo o reforço do posicionamento programático dos equipamentos culturais da cidade, de que é exemplo o Museu da Guarda, o TMG e a BMEL, contribuindo para uma imagem positiva da Guarda nos circuitos artísticos e culturais regionais, nacionais e internacionais, em benefício de todos.
Temos procurado potenciar uma oferta cultural diversa, abrangente, aberta a todos os tipos de público e que permite o acesso e a fruição da arte e da cultura, nas mais diversas formas de expressão (teatro, música, cinema, dança, etc), a todos os cidadãos da Guarda.
Para além das atividades dos equipamentos e dos programas da responsabilidade direta da Câmara Municipal, os eventos tradicionais, comemorações populares, festivais, feiras e outros eventos que revelam e expressam as nossas tradições e raízes culturais são também apoiadas e promovidas pela Câmara Municipal.
Acresce que, hoje, é cada vez maior a consciência que o investimento cultural afeta positivamente outros ramos económicos e sociais, tais como o Turismo, a requalificação e revitalização dos centros históricos, o repovoamento das áreas depauperadas em termos populacionais, a inovação tecnológica, o comércio e a proteção e conservação do património cultural móvel e imóvel. O que estou a dizer vem sendo demostrado por vários estudos e relatórios publicados pela Comissão Europeia e por várias Universidades, provando que a existência de uma oferta cultural forte e diversificada é uma condição favorável ao desenvolvimento, ao crescimento económico.
Uma das mais-valias reveladas pelas “capitais europeias da cultura” é que estas permitem uma maior visibilidade das condições que as cidades e as regiões, com esse título, podem oferecer no sentido de reforçar a competitividade dos setores cultural e criativo, com fatores decisivos do crescimento inteligente adequado aos desafios globais do mercado atual. A iniciativa deverá, pois, ser adequada a afirmar a identidade da Guarda e da Região num mundo globalizado.
Esta não é, tal como já o disse, uma candidatura da Guarda isolada sobre si mesma mas pretende abrir-se a uma visão de território, que ligue identidades culturais agregadas a uma ideia de geografia comum que é transfronteiriça mas também de um Centro que é região unificadora de vontades de afirmação diferenciadora.
Nesse sentido, a estratégia defendida pela Câmara Municipal para o programa da candidatura deve contemplar projetos e ações concretas que se destinem a desenvolver ligações entre, por um lado, os respetivos setores culturais e criativos e, por outro, setores como a educação, a investigação, o ambiente, o desenvolvimento urbano, o turismo, as empresas e, em especial, a inovação, como fatores de competitividade que permitem consolidar modelos de desenvolvimento regional capazes de atrair atividades e fixar as pessoas.
Devemos, também, ter presente que, ao existir um conjunto de programas de valorização e promoção do património cultural, de apoio à produção, promoção, acesso e fruição das artes e das indústrias culturais e criativas, será estratégico para a Guarda aproveitar todos os instrumentos europeus disponíveis e as complementaridades existentes entre os diferentes instrumentos para apoiar a iniciativa e, naturalmente, o desenvolvimento urbano e a coesão territorial do concelho e da região.
É fundamental para o Município que a candidatura seja capaz de mobilizar os cidadãos e os agentes económicos para a consolidação de estratégias de médio e longo prazo, adotando uma abordagem participativa que inclua e motive todos, designadamente, os criadores, os artistas, os intelectuais, a comunidade escolar, os mediadores do património cultural, os empresários, os artesãos, os representantes das associações culturais, os agentes do meio académico-universitário e demais especialistas nas diferentes matérias que interessam aos objetivos da iniciativa UE.
É este o nosso trabalho. Fazer com que todos os cidadãos sintam este grande projeto.
Por: Álvaro dos Santos Amaro
* Presidente da Câmara Municipal da Guarda
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