O INTERIOR organizou, na última segunda-feira, um frente-a-frente entre Paulo Campos e Manuel Meirinho na estação de comboios da Guarda. Os cabeças-de-listas de PS e PSD, respetivamente, esgrimiram argumentos e algumas confidências. O socialista foi o primeiro, quando declarou, em jeito de provocação, que se preparou para esta campanha consultando livros de marketing político escritos pelo candidato independente pelo PSD.
Na resposta, Manuel Meirinho esclareceu Paulo Campos que é doutorado em Ciência Política e não «um teórico em marketing político», revelando também que fez «um estudo para o PS» sobre o método de voto alternativo. Provocações à parte, o frente-a-frente, moderado por Luís Baptista-Martins, diretor de O INTERIOR, exigiu poder de síntese por parte dos candidatos. Paulo Campos insistiu na ideia de que os próximos deputados têm que «trabalhar em conjunto» para o desenvolvimento do distrito. «Isso é uma virtude», afirmou, mas Manuel Meirinho não foi na conversa. «Quando há um problema, a solução do PS é criar uma associação ou uma comissão. Temos é que o resolver, pois já temos associações que cheguem», disse, acrescentando que, com as políticas do PS, o distrito da Guarda «está condenado a desaparecer». A prová-lo, adiantou, estão os dados do desemprego, do fecho de empresas e da desertificação. «É um desastre e não vale a pena andar a distribuir computadores, pois o desenvolvimento do interior não se faz só com a educação», criticou.
Paulo Campos não concordou com este diagnóstico, lembrando que o mesmo acontece «no país e no mundo». Contudo, referiu que «muitas coisas não se fazem porque não há união», pelo que voltou a insistir na necessidade de uma associação que faça «lóbi junto do poder central». De resto, o socialista lembrou que o candidato do PSD «ainda não apresentou uma única ideia» para o distrito. As portagens foram outro tema central deste frente-a-frente, com Paulo Campos a envolver o PSD na introdução da cobrança na A23 e A25, recordando que Miguel Relvas disse na altura «ou pagam todos, ou não paga ninguém». E insistiu: «O PSD foi intransigente na universalidade da medida, enquanto o PS nunca defendeu portagens no interior enquanto os níveis de riqueza forem inferiores à média nacional». Por sua vez, Manuel Meirinho voltou a defender o princípio da universalidade.
Questionado sobre a concretização da eletrificação da linha da Beira Baixa até à Guarda, Paulo Campos respondeu que irá pugnar «por esse e outros investimentos, mas temos que perceber que o contexto nacional é de dificuldades». Já Manuel Meirinho escusou-se a assumir que, se o PSD for Governo, também vai pedir a Passos Coelho que não pague o Hotel Turismo à Câmara da Guarda. «Devia ter sido lançado um concurso público transparente», declarou, estranhando que «o Governo faça negócio consigo próprio e seja concorrente de si próprio neste investimento». No entanto, acabou por considerar que o projeto do hotel-escola é uma iniciativa «positiva». Passou depois ao contra-ataque, denunciando que a Estradas de Portugal beneficiou a candidatura de Paulo Campos ao disponibilizar 400 mil euros para o arranjo de estradas no concelho de Seia.
«A decisão foi divulgada dois dias depois do anúncio da sua candidatura pela Guarda, é uma estranha coincidência», criticou. O socialista confirmou o sucedido, sublinhando que a verba vai servir para «melhorar as estradas» de Seia, e aproveitou para elogiar o investimento no Hotel Turismo. «É uma boa notícia para a região. Mas, para o PSD, como não são eles a propor e a fazer, estão contra. É isso que recomenda a sua cartilha de marketing político», ironizou Paulo Campos. Veja o frente-a-frente na íntegra em ointerior.tv.
Luis Martins 
