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Campo da Batalha de S. Marcos na rede

Aljubarrota é o primeiro centro de interpretação histórica da Guerra da Independência, local de Trancoso será o próximo

O campo da Batalha de S. Marcos, em Trancoso, é um dos três centros de interpretação histórica da Guerra da Independência, nos séculos XIV e XV, que a Fundação Batalha de Aljubarrota pretende implementar em Portugal até 2008. Conjuntamente com Aljubarrota e Atoleiros, o local onde os portugueses deixaram os castelhanos a “pão e laranjas” vai integrar uma rede que assentará num «percurso turístico e histórico» para os visitantes. O anúncio foi feito em Julho durante a cerimónia de colocação da primeira pedra daquele será o primeiro centro deste projecto, em Aljubarrota.

Na altura, o presidente da Fundação aproveitou a oportunidade para salientar que a instituição está a negociar a gestão dos restantes espaços. Para suportar a iniciativa, Alexandre Patrício Gouveia disse contar com financiamentos do Estado e apoios mecenáticos, embora a Fundação tenha como ponto de partida a maior doação de sempre feita por um empresário português à cultura. «O doutor António Champalimaud doou três milhões de contos», recordou o responsável. O centro de Aljubarrota, orçado em 4,2 milhões de euros, deverá estar concluído em 2007 e marca o início de uma rede global que evoca as batalhas que garantiram a independência portuguesa no final da Idade Média. Estima-se que por ali venham a passar cerca de 100 mil visitantes por ano. Um número com que também sonha Trancoso, embora seja mais difícil de conseguir. Segundo Júlio Sarmento, presidente do município, parceiro da Fundação, a construção do futuro centro de interpretação da Batalha de S. Marcos pode arrancar no próximo ano. O projecto é da autoria do arquitecto Gonçalo Byrne, enquanto a museóloga Simoneta Luz Afonso e um gabinete holandês especializado serão responsáveis pelos conteúdos. O estudo-prévio já foi apresentado em Junho e assenta na recuperação, requalificação e valorização daquele terreno, situado a Sul da vila, classificado como Monumento Nacional em 2004.

Para além do centro de interpretação, os promotores esperam poder reconstituir a batalha uma vez por ano e divulgar os achados arqueológicos que futuras prospecções no local irão revelar. No caso de S. Marcos, espera-se encontrar armas e outros objectos relacionados com a peleja e possivelmente uma vala comum. Os investigadores pensam que poderá situar-se perto da capela e que tenha recebido os corpos de 400 cavaleiros castelhanos mortos em S. Marcos. Quanto ao centro de interpretação, estima-se que venha a custar qualquer coisa como 1,5 milhões de euros e deverá ser o centro nevrálgico do local, disponibilizando, de forma pedagógica, informação sobre a batalha, a História de Portugal e expondo os achados descobertos no campo. A Fundação vai custear 80 por cento do projecto de arquitectura e já celebrou um protocolo com a empresa holandesa especializada com vista à animação cénica e multimédia no centro. Desde Outubro do ano passado que o terreno em causa é uma área classificada protegida até à conclusão do processo. Trata-se de uma medida cautelar para salvaguardar o sítio e evitar novas construções.

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