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Câmara indemnizada em 6,5 milhões se centro comercial não se concretizar

Penalizações por incumprimentos na construção do Guarda Shopping Center acrescentadas três anos depois da assinatura do contrato promessa de permuta de imóveis na Quinta dos Pelames

O PSD estranha que só agora a autarquia tenha introduzido cláusulas penais para incumprimentos e atrasos na construção física do futuro centro comercial Guarda Shopping Center. «Será que há medo que a obra não se concretize», perguntou Manuel Rodrigues, na passada quinta-feira, na sessão da Assembleia Municipal (AM).

O líder da bancada social-democrata falava a propósito da adenda ao contrato promessa de permuta de imóveis entre a Câmara e a Guarda Mall – aprovada por maioria, com os votos contra de todos os partidos da oposição – e não lhe passou despercebido que estes artigos de salvaguarda dos interesses do município tenham sido acrescentados três anos depois do documento ter sido assinado pelas partes. O contrato define agora três parcelas, sendo que a maior, com uso dominante de comércio, tem mais de 15.600 metros quadrados e acolherá o centro comercial. A segunda, em termos de área (3.173 metros quadrados), destina-se à construção do novo mercado municipal e central de camionagem, enquanto a terceira (1.917 metros quadrados) está vocacionada para habitação.

Estabelece-se também que a Guarda Mall SA – sociedade criada entre a TCN, que detém 90 por cento do capital social, e a Câmara – pague ao município mais de 6,5 milhões de euros se não concluir as obras previstas para a Quinta dos Pelames. Este valor corresponde ao conjunto das contrapartidas que a autarquia deve receber em troca da cedência do terreno, isto é, novo terminal rodoviário de passageiros e mercado municipal, além da requalificação urbanística já apresentada pela TCN. De resto, a escritura de permuta será realizada «sob condição resolutiva», devendo a sociedade Guarda Mall iniciar as obras previstas no prazo de 180 dias após a emissão do alvará de licença de construção. Outra novidade contemplada nesta adenda é que a Guarda Mall SA poderá alienar a terceiros os imóveis a permutar.

Perante estes dados, Manuel Rodrigues não deixou de responsabilizar a maioria por o contrato «não salvaguardar os interesses do município», tendo defendido que a Câmara devia ter aproveitado a oportunidade para a sociedade «deixar clausuladas as obrigações da Guarda Mall relativamente aos comerciantes do mercado municipal». De resto, o deputado recordou a Joaquim Valente que «se a maioria socialista tivesse ouvido a oposição não tinham perdido um ano ou dois com os problemas administrativos e técnicos levantados» pelas entidades competentes. «Como tal, assumam agora o ónus do tempo perdido», rematou líder da bancada do PSD. Já o presidente do município disse continuar convencido de que «aquilo que a administração pública nos obrigou a fazer é uma violência, pois os usos do futuro não são diferentes dos actuais», sustentou, sem responder às perguntas de Manuel Rodrigues.

Por isso, o PSD fez uma declaração de voto, alegando que os seus eleitos «não estão devidamente informados» sobre o processo para poderem votar favoravelmente a adenda. Contudo, a bancada esclareceu que é a favor da obra e que a mesma deve ser feita «o mais rapidamente possível». Nesta sessão da AM, os deputados aprovaram por unanimidade a proposta de Regulamento Municipal de Atribuição de Lotes para Instalação de Actividades Económicas. Menos sorte teve uma recomendação de Jorge Noutel (Bloco de Esquerda) para a criação de um Gabinete Municipal de Combate à Crise. A proposta foi chumbada pela maioria socialista, tal como a moção de Honorato Robalo (CDU) sobre a necessidade de dotar de mais verbas a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda e da obra do hospital ser feita numa única empreitada.

Luis Martins

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