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Câmara de Pinhel aprova compra das instalações da Rhode

Presidente da autarquia não adianta por agora o valor, mas oposição refere tratar-se de um investimento de 4,5 milhões de euros

A Câmara de Pinhel prepara-se para adquirir as instalações da antiga fábrica Rhode. A compra foi aprovada, com os votos contra dos vereadores do PS, na última reunião do executivo, que decorreu na sexta-feira.

«Sabemos que implicará um esforço financeiro muito grande, mas temos consciência que sem este investimento perderíamos algumas possibilidades de desenvolvimento do concelho», justificou António Ruas. O autarca escusou-se a adiantar o valor do negócio, uma vez que se aguarda um parecer jurídico sobre «a modalidade e legalidade da aquisição». No entanto, o vereador do PS Agostinho Moreira revelou a O INTERIOR que o investimento, proposto e aprovado na reunião, ronda os 4,5 milhões de euros. «Entendemos que este é um valor exagerado e acreditamos que vai mesmo hipotecar a capacidade financeira do município», lamenta. Os socialistas votaram contra a decisão por a sua proposta alternativa não ter sido votada.

Segundo Agostinho Moreira, os eleitos da oposição pretendiam acautelar o negócio com três garantias: «A Câmara deveria comprar apenas o que precisava e isso por um valor justo, tendo por base o preço de registo. Por último, deveria ser pedido um parecer ao Tribunal de Contas sobre a capacidade de endividamento da autarquia para realizar o negócio», justifica. A possibilidade de compra do edifício e terrenos adjacentes é um tema que nunca gerou consensos em Pinhel. Em dezembro do ano passado, a autarquia já havia realizado uma reunião com o intuito de perceber se o negócio seria ou não vantajoso para o concelho. As vozes críticas, vindas sobretudo da oposição, não demoraram a fazer-se ouvir. Apesar disso, se o parecer jurídico der luz verde ao negócio, a compra será mesmo uma realidade. Acolher a Feira das Tradições e uma empresa de calçado que está interessada em instalar-se em Pinhel serão dois dos grandes destinos que a autarquia tem em mente para o edifício.

«Queremos que estas instalações estejam primeiro disponíveis para criar empregabilidade. É essa a nossa prioridade», sublinha António Ruas. A vinda de uma nova empresa de calçado continua no horizonte e o edil está convencido que as negociações vão chegar a “bom porto”. Além disso, outro dos objetivos passa por criar, na antiga Rhode, um «armazém para o material da Câmara que hoje em dia está disperso por vários sítios, alguns deles emprestados», adianta o autarca, o que permitirá «organizar os serviços externos da autarquia». Para a oposição, alguns dos fins a dar à antiga fábrica são válidos, mas mesmo assim insuficientes para justificarem um investimento tão «avultado». Além disso, os socialistas criticam o momento do negócio. «A altura não é a melhor e, nesse sentido, a gestão da Câmara falhou redondamente», critica Agostinho Moreira.

O vereador entende que se o executivo acreditava que as instalações poderiam ser úteis ao concelho, deveria tê-las negociado quando a empresa fechou. «Na altura, achavam que a autarquia não podia ir além de 1,6 milhões de euros e agora estão dispostos a avançar com três vezes mais esse valor?», interroga, considerando esta decisão «um símbolo da má gestão». Já António Ruas admite que o momento pode não ser a melhor, mas acredita que «é precisamente em alturas de crise que se fazem muitos dos negócios». E reitera que só será feito «se for viável em termos legais».

Nova fábrica de calçado deverá instalar-se em Pinhel

A autarquia pinhelense continua em negociações com uma empresa da zona de Felgueiras com vista à instalação de uma fábrica de calçado no concelho. «O empresário está na disponibilidade de vir para Pinhel mediante certas condições», adianta António Ruas. Uma dessas exigências será a Câmara garantir o espaço e, caso a compra da Rhode se concretize, as atuais instalações irão acolher a fábrica, que criará numa primeira fase 50 postos de trabalho. «Estou convencido que aquela unidade vem para Pinhel», sublinha o edil, acrescentando que o tema será apresentado à Assembleia Municipal na próxima quarta-feira. Embora se escuse a adiantar o nome da empresa, o autarca adianta que se trata de um fabricante nacional que «irá fazer produzir para exportação». Para a oposição, este é um negócio positivo porque poderá criar emprego. «Estou perfeitamente de acordo, independentemente de termos de pagar um custo elevado», refere Agostinho Moreira.

Catarina Pinto Antiga fábrica de calçado faliu e encerrou em 2006

Comentários dos nossos leitores
naodigo erva@hushmail.com
Comentário:
mesmo caro 90.000 euros por emprego, isso é um preco que o concelho não devia perparar-se a pagar, pois não tem viabilidade 50 postos de trabalho que vão gerar. Mais valia a Câmara usar os 4,5 milhões e fazer um fábrica nova. Esta situação cheira mesmo mal… Podia fazer-se um pavilhão para as 50 pessoas trabalharem por um quinto do preço, pois a Câmara tem e paga por mão-de-obra.
 

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