Apesar de «não estar a nadar em dinheiro», o município de Fornos de Algodres decidiu oferecer manuais escolares a todas as crianças que frequentem as escolas da rede pública do primeiro ciclo do ensino básico. Simultaneamente, a autarquia concede também benefícios nas refeições e nos transportes escolares às famílias com mais de um filho a estudar naquele grau de escolaridade.
Estes agregados apenas têm de pagar as refeições de uma das crianças. Já quem tiver mais do que um filho a usar os transportes escolares terá direito a uma isenção, tendo somente que suportar o pagamento do primeiro. Além da comparticipação a 100 ou 50 por cento das refeições e transporte escolar dos mais carenciados, a Câmara decidiu este ano lectivo custear a totalidade da despesa com manuais escolares para todos os alunos do primeiro ciclo, «por considerar necessário assegurar melhores condições de vida às famílias que vivem no concelho». Ao todo, são 120 os alunos que vão beneficiar das medidas introduzidas numa altura em que «as condições económicas do país são más», pelo que «toda a ajuda às famílias seja bem vinda», salienta a vereadora da Educação. «Não se trata de uma ideia nova, mas sabemos que as pessoas têm dificuldades», constata Isabel Santos, para quem se trata de uma «aposta na educação e formação dos jovens do concelho, que são áreas prioritárias para o futuro».
Sem querer especificar o montante que estes benefícios vai custar aos cofres municipais, a também vice-presidente realça que «foram feitos cortes em áreas que já receberam muito dinheiro e que não eram tão prioritárias quanto estas». «Cortámos em despesas supérfluas como o futebol ou as festas populares e religiosas e canalizámos as verbas para a educação», refere. A vereadora admite que estas medidas implicam «algum esforço» financeiro, mas salienta que o montante envolvido «não é muito elevado», dizendo tratar-se de «uma “gota de água” quando comparado com o que se gastava noutras áreas como o futebol». Para já, e «dadas as limitações económicas» da autarquia, as medidas anunciadas apenas contemplam os alunos do primeiro ciclo. No futuro, a intenção é poder alargá-las a outros estudantes depois de se fazer «um diagnóstico». Isabel Santos sublinha que o concelho já está bem dotado de infraestruturas e «agora é preciso dar qualidade de vida às pessoas».
Vila do Carvalho aplica a mesma medida
Também a Junta de Freguesia da Vila do Carvalho, no concelho da Covilhã, deliberou comparticipar na totalidade a aquisição dos manuais escolares para todos os alunos que frequentam este ano lectivo a escola local do primeiro ciclo. Segundo o presidente da Junta, esta medida surge após a implementação de um incentivo à natalidade no início deste ano.
«Pretende-se, essencialmente, estimular a frequência da escola da vila e aliviar os orçamentos familiares da população», salienta João Paulo Baptista. Outro objectivo é «criar algum incentivo a quem reside ou se fixa na Vila do Carvalho para tentar estimular, dentro das possibilidades orçamentais da autarquia, a frequência da nossa EB 1 numa altura em que todas as famílias têm que fazer face às despesas inerentes ao início do ano lectivo». Este apoio beneficia os cerca de 40 alunos que frequentam a escola local. «Apesar de ser um investimento considerável para uma Junta da nossa dimensão, é absolutamente imprescindível apoiar e valorizar a educação das crianças da freguesia», sublinha o autarca.
Ricardo Cordeiro 
