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Câmara de Celorico da Beira desespera por “luz verde” para a PLIAB

António Caetano desconfia de «orientações inconfessáveis» para que o projecto seja retardado

A Câmara de Celorico da Beira começa a desesperar por uma assinatura do Conselho de Ministros para que o projecto da Plataforma Logística Integrada Abastecedora do Interior e Beiras (PLIAB) possa finalmente arrancar no terreno. O autarca António Caetano mostra-se «preocupado» com o atraso que se verifica na aprovação dos Planos de Organização da Plataforma e de Urbanização de Celorico da Beira, temendo que possam existir indicações para que o projecto permaneça “na gaveta” sem receber a indispensável “luz verde” do Governo.

O município queixa-se por, em mais de 100 dias de governação, o executivo de José Sócrates ainda não ter ratificado aquele que será o «maior investimento privado na região» e o «mais emblemático motor de desenvolvimento do concelho». Já em posse de todos os pareceres favoráveis das entidades competentes, a edilidade vê-se assim impedida de implementar o projecto. De resto, tanto a obra propriamente dita, como a projecção de 250 novos postos de trabalho directos estão dependentes dos Planos de Organização e de Urbanização que carecem de uma assinatura do Conselho de Ministros. Neste sentido, o edil António Caetano estranha a demora no processo, considerando que «já passou tempo demais» e que, muito provavelmente, «há orientações inconfessáveis para que o projecto seja retardado». Sabendo-se que a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda poderá ser uma concorrente da de Celorico, o autarca acredita que o atraso nada tem a ver com o projecto previsto para a capital de distrito. «Não quero acreditar nisso. Até porque são duas estruturas distintas e complementares», garante. Por outro lado, confessa-se «preocupado» porque o adiamento do projecto já começa a ter «repercussões negativas» na saúde financeira» de algumas empresas sediadas no concelho.

É que o Plano de Urbanização prevê a conversão de terrenos agrícolas em loteamentos industriais e a expansão da área habitacional, alterações que poderão constituir um novo estímulo para a a construção civil, por exemplo. Perante uma conjuntura nacional difícil, com o desemprego a crescer, Celorico acredita ter condições para inverter esta tendência. Basta para tal não «esbarrar em forças de bloqueio inaceitáveis». Perante este cenário, o município «exige que o Governo dê luz verde ao projecto âncora para o desenvolvimento do concelho». António Caetano diz mesmo que o concretizar desta iniciativa empresarial representa o «maior investimento que jamais se projectou para esta região» e que «vai mudar uma página na história do nosso concelho». Apesar da demora, o autarca acredita que «será difícil» o empresário Fernando Tavares Pereira perder o interesse pelo projecto, até porque já investiu 250 mil euros, continuando a considerar Celorico «o melhor concelho para apostar», indica o autarca. No entanto, poderá mudar de ideias se esta demora se «prolongar no tempo», admite.

Entretanto, a Assembleia Municipal aprovou uma moção para «sensibilizar o Governo para aprovar o mais rapidamente possível o Plano de Organização». Recorde-se que a PLIAB consiste num investimento privado de 10 milhões de euros do grupo empresarial Fernando Tavares Pereira, num projecto que implica uma parceria com a autarquia celoricense que vai vender o terreno ao promotor a um preço simbólico. Contudo, o projecto não está a correr da forma mais célere que se desejava. A PLIAB vai ocupar uma área de dez hectares que será transformada num interface comercial para servir transitários, rodoviários e ferroviários, funcionando ainda como mercado abastecedor da região que vai da Guarda até Bragança. A futura plataforma compreende um hotel com 30 quartos, zona de estacionamento para 200 camiões, áreas de apoio, pavilhões, oficina, linhas de lavagem com capacidade para 300 camiões, postos de abastecimento para todo o tipo de veículos, restaurante, balneários, zonas verdes de lazer e parque com capacidade para 50 autocaravanas. Vai ficar localizada entre a EN 16 e o IP5/A25, distando cerca de um quilómetro da estação de caminhos-de-ferro.

Ricardo Cordeiro

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