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Câmara da Guarda sem dinheiro para Festas da Cidade

Autarquia exige indemnização à Adecco por incumprimento contratual e rendas em atraso, pelo mesmo motivo a massa insolvente da Gonçalves & Gonçalves reclama 900 mil euros ao município

A Câmara da Guarda vai pedir uma indemnização à multinacional de trabalho temporário Adecco por incumprimento do protocolo celebrado em 2009 e rendas em atraso. A decisão foi aprovada por unanimidade na reunião do executivo da passada segunda-feira, mas Álvaro Amaro escusou-se a revelar o valor em causa.

«A gestão do passado foi negligente porque creio que vamos ter mais situações destas», declarou o presidente aos jornalistas no final da reunião, acrescentando que neste e noutros casos «iremos até às últimas consequências para defender os interesses do município, pois a autarquia investiu cerca de 450 mil euros naquele pavilhão». O edil adiantou ainda que a empresa «já entregou as chaves há muito tempo». Recorde-se que o Centro de Suporte a Clientes e Negócios da Adecco, instalado no parque municipal da Guarda, fechou portas no final de outubro de 2013 três anos depois de ter sido inaugurado. O líder mundial na prestação de serviços de gestão e recursos humanos tinha prometido criar até 250 postos de trabalho, mas nunca passou dos 25 funcionários. Na altura, o executivo liderado por Joaquim Valente investiu cerca de 450 mil euros na adaptação do edifício às necessidades da multinacional suíça, valor que deveria ser debitado à empresa sob a forma de renda, com dois anos de carência.

Nesta sessão, o presidente revelou também que já não vai haver festas da cidade, pré-anunciadas em dezembro último, por falta de recursos financeiros. «A organização da Feira Ibérica de Turismo, a animação nos bairros por ocasião do S. João e despesas com alguma importância nas comemorações do 10 de junho na Guarda, associadas às dificuldades financeiras que vivemos, levam a Câmara a cancelar intenção de realizar as Festas da Cidade entre 25 e 27 de julho», justificou Álvaro Amaro. Segundo o presidente, a autarquia «não conseguiu financiamento para um orçamento de 50 mil euros». Álvaro Amaro aproveitou ainda a ocasião para fazer um pequeno balanço da primeira edição da Feira Ibérica de Turismo (FIT), dizendo que o seu sucesso é «um estímulo» para a Guarda. «Após o verão vamos começar a trabalhar na segunda edição, mas temos que ver com que fundos comunitários poderemos contar, até porque a FIT envolve custos superiores a 200 mil euros», afirmou.

Contudo, o investimento direto da autarquia «é de 30 mil euros», uma vez que 85 por cento do valor total será reembolsado no âmbito de apoios comunitários. De resto, na reunião de segunda-feira, o executivo aprovou por maioria, com a abstenção de Joaquim Carreira, o único vereador socialista presente, a adjudicação, por ajuste direto, da promoção e divulgação da FIT à empresa Via Rápida, da Guarda, por 36.085 euros mais IVA. Joaquim Carreira felicitou a Câmara pela realização da feira, embora tenha considerado que teve «muito pouco de ibérica e de turismo pela quase inexistência de expositores espanhóis e a pouca adesão de operadores turísticos».

Luis Martins

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